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28/10/2003
Represa seca vira garimpo para catadores de entulho

A estiagem que fez o nível de água da Represa de Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo, baixar para 22,2% da capacidade está servindo como fonte de renda para famílias sem emprego formal. A necessidade de ajudar no sustento da casa fez com que adolescentes descobrissem no lixo e no ferro-velho revelados pela seca, na área da represa, uma forma de ganhar dinheiro.

Entre as pessoas que passaram a viver disso está o estudante X, de 14 anos, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, em dias de “sorte”, chega a tirar até R$ 15 por dia. O garoto mora no Jardim Jacira, em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo, e ajuda a mãe no sustento a cinco irmãos menores. O pai morreu.

Todos os dias ele sai de casa às 7h. Percorre cerca de 20 quilômetros a pé para chegar ao bairro da Riviera — onde o nível de água da represa é mais baixo — e trabalhar. Aluga um cavalo para puxar sua carroça, por R$ 4 a viagem, e a lota de cacarecos. O ferro e o papelão ele consegue vender por R$ 0,16 o quilo, e o plástico por R$ 0,15.

“A gente consegue um preço melhor com a venda de latinhas de cerveja e refrigerante. Algumas pessoas pagam até R$ 2. Mas, por causa do valor, elas são muito procuradas pelos catadores, e também mais difíceis de serem encontradas”, diz o estudante. Segundo ele, o melhor dia para recolher lixo é segunda-feira, porque os turistas fazem muita sujeira no local nos fins de semana.

X. trabalha, em média, até as 15h, porque o dono do cavalo não deixa o animal ficar mais tempo, principalmente em dias quentes. “Ele pode ficar cansado e morrer”, afirma. O garoto estuda na oitava série, à noite. X admite ter vergonha do trabalho que faz e diz que anda bastante para não correr o risco de ser visto por colegas. “Eles podem rir de mim”, afirma. E acrescenta: “Mas, se eu não ajudar a minha mãe a colocar comida em casa meus irmãos vão morrer de fome. Por isso não reclamo”, resigna-se.

Odival Reis
Do Diário de S. Paulo

 
 
 

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