Perfil
da juventude acompanha mudanças do mercado de trabalho
Raquel Souza
Especial GD
"Hoje o jovem permanece mais tempo na escola adia sua entrada
no mercado de trabalho formal para buscar atividades em que se realize
e tenha prestígio social", afirmou Heloísa de
Souza Martins, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Sociais da USP, durante debate ocorrido no auditório da ONG
Ação Educativa, ontem, 5 de dezembro.
A especialista afirmou que a juventude brasileira começa
a reproduzir atitudes já verificadas em países como
Bélgica e Alemanha, em que jovens permanecem mais tempo morando
com os pais e deixam para mais tarde compromissos como o casamento
e filhos. Essas mudanças, segundo ela, se dão porque
é cada vez mais difícil planejar o futuro com a escassez
do emprego.
Sobre a permanência dos jovens na escola, o professor Iram
Jácome Rodrigues, da Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da USP, explicou que é uma condição necessária
diante da atual situação do mercado de trabalho. "Mais
de dois milhões de postos de trabalho desapareceram na última
década e os atuais crescimentos não conseguem acompanhar
a demanda de procura", explicou.
Entretanto, o mesmo não ocorre com a juventude de baixa
renda - são eles que se submetem a trabalhos menos interessantes
do ponto de vista do aprendizado e da ascensão social e continuam
a abandonar a escola, ou concluir apenas o Ensino Médio,
segundo ele.
Para o professor da FEA, o governo deve criar políticas
públicas compensatórias de trabalho para dar aos jovens
de baixo poder aquisitivo possibilidades interessantes de desenvolvimento.
"O mercado não dá conta de organizar nem seus
mecanismos, quanto mais disso", finalizou.
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