Na terceira tentativa de alcançar a América,
a F-1 corre neste fim-de-semana em Indianápolis, o
templo do automobilismo mundial.
Como
nas vezes anteriores, nada de romântico existe na atual
aproximação. Apenas conquistar o polpudo mercado
norte-americano, atrair patrocinadores locais, enfim, buscar
faturar alto no único ponto do planeta em que a F-1
é algo, para dizer o mínimo, exótico.
Sim,
exótico, a ponto de a mídia do país passar
a semana tentando explicar por que diabos a corrida começa
com os carros parados, por que a prova será disputada
no sentido horário (um "absurdo" em se tratando
de Indianápolis), por que um time gasta US$ 200 milhões
e, mais importante, por que a categoria tem poucas ultrapassagens.
Ultrapassagem
é o aspecto fundamental do automobilismo norte-americano.
Usando de diversos expedientes, eles desenvolveram um esporte
a motor de espetáculo. Com um carro decente, qualquer
um pode largar do fim do grid e ir ultrapassando, numa frenética
movimentação, digna de um episódio do
Speed Racer.
Como
a aventura do desenho não pode ser transferida para
a realidade, a saída foi criar alguns artifícios,
o principal deles, nivelar a coisa por baixo. E é só
por isso que um time da Nascar gasta míseros US$ 15
milhões por temporada, correndo o dobro de corridas.
Faz
parte do ideário americano. Qualquer um pode comprar
um carro e fazer dele o que quiser na garagem de sua casa.
O
inverso acontece na Europa. A idéia do automobilismo
está necessariamente ligada ao refinamento _devido
a desigualdade social, o mesmo acontece no bananal.
Não
por acaso as grandes marcas de luxo são todas européias.
E
essa lógica se transfere para a F-1 de forma tão
violenta, que o requinte tecnológico beira o extremo,
fazendo com que o esporte se torne algo cada vez mais complexo,
elitista até, mas de enorme aceitação
pelo público.
Fazer
um norte-americano médio digerir isso, porém,
é algo quase impossível.
E
a saída para Bernie Ecclestone e sua turma foi tentar
transferir a missão para aquilo que o público
local mais preza em termos de automobilismo, o irresistível
dinossauro chamado Indianápolis.
A
reação inicial foi muito boa, já que
200 mil ingressos foram comercializados com facilidade _a
conta pode chegar a 240 mil, se a coisa emplacar de fato neste
fim-de-semana.
A
prova de fogo, porém, será a corrida. A disputa
entre Ferrari e McLaren terá que ser para valer, como
foi em algumas corridas na Europa.
Caso
contrário, não vai ter cerveja que chegue para
ajudar a F-1 descer goela americana abaixo.
*
Bem,
o muro pode ajudar também. Afinal, a presença
do Mercedes na pista, além de estar se tornando um
verdadeiro hábito na F-1, será algo até
aguardado pelas arquibancadas.
E-mail: mariante@uol.com.br
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