Coveiro conta histórias misteriosas de cemitério para meninos
Gabriel Gouvêa, 12, fazia contas: "Esse morreu com cem anos!". Já Eduardo Di Donato, 11, não se conformava com a quantidade de xarás que encontrava pelo caminho.
Eles andavam entre os túmulos do cemitério da Consolação, em São Paulo, a convite da "Folhinha". Ninguém demonstrava medo, até que o terceiro da turma, Leonardo Azevedo, 11, deu um pulo quando um sino tocou.
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Mal havia se recuperado quando, de repente, outro susto. De uma capela, veio um grito. Todos saíram correndo. Ufa, era só um pintor bancando o fantasma. Foi difícil segurar o riso.
No meio do passeio, o trio conversou com o coveiro Edvaldo da Costa, 48, que trabalha no cemitério há mais de 20 anos.
"Aos dez anos, estava brincando de pipa e caí em uma cova. Anos depois, olhem onde vim parar!", contou aos garotos.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Da esq. para a dir., Gabriel Golveia, 12, Eduardo Di Donato,11, e Leo Azevedo, 11 brincam no cemitério da Consolação |
MISTÉRIO
Os três quiseram saber se ele não teria medo de trabalhar à noite no cemitério. "Só fiquei aqui uma vez durante a noite... E bom não foi. Essas estátuas parecem gente", afirmou.
A surpresa maior foi quando ele revelou o "mistério do cemitério". Segundo o coveiro, todas as vezes que um corpo é enterrado, em um raio de 30 metros, dois meses depois, outro túmulo é ocupado.
"Acho que as almas não gostam de ficar sozinhas."
O passeio inspirou nos meninos uma conversa sobre a morte. Para Leonardo, reencarnamos em animais: "Queria ser um leão, depois um gavião e, por último, um tubarão", falou. Ninguém vira anjo? "Só quem é realmente bonzinho", opinou Eduardo.
Ao sair do cemitério, andaram de marcha ré e repetiram o sinal da cruz três vezes. Dizem por aí que esse é um jeito de garantir que nenhum espírito acompanhe os visitantes...
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