Um dos principais aliados de José Serra (PSDB), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse ontem que o tucano perdeu a disputa em São Paulo para o PT por "negligência política" de seu partido.
"A ação administrativa não foi acompanhada da luta política, da articulação com a sociedade", disse o senador. Ele classificou a derrota como "dolorida" para Serra.
O senador disse que, em bairros da capital paulista onde o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fizeram obras e "ações de qualidade", Serra perdeu para Haddad.
"Eu faço autocrítica ao meu partido. Não relaxamos um segundo na oposição à prefeita Marta Suplicy, coisa que não fizemos depois."
Serra se manteve longe dos holofotes ontem. Ele afirmou a aliados que pretende se isentar do noticiário político pelos próximos dias.
Na ressaca da derrota, tucanos passaram a apontar uma série de eventos que teriam contribuído para o naufrágio na disputa paulistana.
Houve defesa da renovação dos quadros, críticas à aliança com o Gilberto Kassab e ao engajamento tímido de secretários estaduais e dirigentes do PSDB na campanha na capital.
"O partido estava unido com Serra. Falar de renovação é falar do futuro. Não há dúvida de que lançamos o nosso melhor candidato. Não temos que arrumar um culpado para o que aconteceu na capital", afirmou o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini.
O desfecho em São Paulo antecipou as discussões no partido sobre a escolha de dirigentes no próximo ano e as alianças para 2014, quando Geraldo Alckmin deverá disputar a reeleição.
"Essa derrota é dramática para o partido. Parece o que aconteceu em 2003. Nós arrumamos a casa e o Lula surfou como se o PT tivesse feito tudo. Agora, tomamos um 'passa-moleque' na história de São Paulo", disse Walter Feldman (PSDB-SP).