"Chorão foi o maior líder do rock nacional", diz Paulinho Vilhena, que fez filme com o cantor
Pelas redes sociais, em comunicados e à Folha, famosos lamentaram a morte do cantor Chorão, líder do Charlie Brown Jr., encontrado morto na madrugada desta quarta-feira (6), no apartamento onde morava em São Paulo. Ele tinha 42 anos.
Polícia encontrou "substância branca, aparentando ser cocaína " na casa de Chorão
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Morte de Chorão é o assunto mais replicado no Twitter
Até o início da tarde desta quarta, o tópico "#LutoChorão" era o assunto mais comentado no Twitter.
Segundo um representante do 14º Distrito Policial de Pinheiros, o corpo foi achado por volta das 4h30 pelo motorista do músico.
A polícia encontrou "pequena quantidade de substância branca, aparentando ser cocaína, sobre a bancada da cozinha" do apartamento do cantor, de acordo com boletim de ocorrência. O corpo passou por autópsia no Instituto Médico Legal, e a polícia vai investigar a causa da morte.
"Soube da morte do Chorão e lamento muito! Jovem, querido por legião de fãs. À família, amigos, fãs escrevo esta mensagem para desejar que tenham forças nesta hora tão difícil."
Marta Suplicy
ministra da Cultura, em comunicado oficial
"Chorão entra no mesmo patamar que Cazuza e Renato Russo: um poeta urbano, que colocou em rimas os sentimentos, as girias e o way of life de uma geração. Talento absurdo! Dom das palavras."
Marcos Mion
apresentador de TV, à Folha
"Hoje é um dia muito triste. Eu estava há um tempo sem conviver com ele, mas tivemos uma relação profissional e pessoal de mais de dez anos. O Chorão era uma pessoa muito próxima e querida e eu o respeitava bastante. Ele tinha uma personalidade muito forte, sabia o queria e por isso era tido às vezes como polêmico. Comecei a dirigir videoclipes praticamente quase junto do Charlie Brown Jr. --o segundo clipe que dirigi foi um clipe da banda. Graças ao Chorão, fiz a transição entre videoclipes a filmes. Fazer um filme com ele ['O Magnata'] foi muito tranquilo. Foi um filme entre amigos."
Johnny Araújo
diretor do filme "O Magnata", escrito por Chorão
"Acho que o Chorão era o maior líder de banda do rock nacional. Ele fazia música de verdade e se comunicava com diferentes gerações. Já ouvia o som da banda antes, mas conheci o Chorão fazendo o filme 'O Magnata'. Talentoso e inquieto, Chorão seguiu com mais uma linguagem artística. Ele estava sempre presente na filmagem, se preocupava com o trabalho como um todo, desde o roteiro até direção e direção de arte. Era um cara muito íntegro no trabalho."
Paulinho Vilhena
estrela do filme "O Magnata", escrito por Chorão
"A banda Raimundos segue chocada pela enorme perda, se solidariza com seus familiares e entes queridos nesse momento de fé e dor imensurável. Chorão, acima de tudo, foi um amigo carinhoso e querido, fará muita falta, sai da vida pra virar mito."
Canisso
músico da banda Raimundos, em comunicado
"Fico triste com essa perda, é realmente uma pena perdermos um cara tão novo assim. Ele curtia nosso som e nós curtíamos o dele, havia uma admiração recíproca. Ele era um cara muito tranquilo, que misturava música pop com hip hop e tinha um público formado. A rua e o skate contribuíram muito para o som dele."
Jorge dü Peixe
músico da Nação Zumbi, à Folha
"É muito triste dizer o quanto sinto pela morte do amigo Chorão. Nos conhecemos em 1996, quando recebi uma demo da banda Charlie Brown Jr. Depois disso, foram oito discos que fizemos juntos. Lembro do dia em que o Chorão ouviu pela primeira vez sua música na rádio: seu sorriso e euforia mostravam que ele estava disposto a brilhar muito. E brilhou. O legado das músicas e letras do Chorão sem dúvida influenciaram e vão continuar influenciando muitos jovens e bandas eternamente. Acredito que, depois do Legião Urbana, o Charlie Brown Jr seja uma das bandas mais representativas do rock nacional. Fará muita falta. Como amigo, o Alexandre fará falta pelos papos, pelas novas composições que ele sempre me mostrava e pelo carinho e agradecimento que demonstrava a mim e a meus filhos. Fique em Paz, Chorão, e como eu sempre dizia pra ele: Faz mais um refrão."
Rick Bonadio
produtor musical, à Folha
"A gente perdeu a banda do skate. O Chorão ajudou muito o skate brasileiro, ajudou a transformá-lo no que é hoje. Ele foi uma peça fundamental no crescimento desse meio no Brasil porque nunca deixou o skate de lado --sempre estava com o skate na mão, no carro, no palco. O Chorão nunca foi uma pessoa muito fácil de lidar. Ele era genioso, mas tinha um coração enorme e era uma pessoa muito 'do bem'. Ele ajudou muita gente e muitas entidades sem divulgar nada. Vai fazer falta. É uma bomba, difícil de acreditar."
Sandro Dias, o "Mineirinho"
skatista, à Folha
"Acordei e tinha um bilhete da minha mulher na mesa, falando o que tinha acontecido. Eu não acreditei. Twittei mandando condolências para a família, sem acreditar que estava escrevendo isso. O Charlie Brown Jr. estava no auge, emplacando uma música atrás da outra, no melhor momento da carreira deles. As últimas vezes que encontrei o Chorão, ele estava bem, aproveitando o momento - de dois anos pra cá as coisas tinham virado, ele estava se autoempresariando. Justo no momento em que eles superam, que começam a andar nos trilhos, acontece isso. Tocamos muitas vezes juntos. Me lembro da primeira vez que o vi, em 1992, na Warner, em São Paulo. Nos vimos no elevador --eles estavam fazendo muito sucesso e eu estava indo pedir para 'resgatarem' o Capital Inicial. O Chorão era um cara reservado. Ele era profundamente emocional, era um cara de extremos --de extrema raiva intercalada com momentos de profunda gentileza, generosidade, carinho e afeto. Ano passado, liguei pra ele para combinar uma 'canja' sua no meu show no Rock in Rio, que acabou não rolando, e contei pra ele quando eu admirava seu trabalho. Ele ficou surpreso, profundamente comovido e ficou com a voz embargada. Ele era um cara de extremos --de extrema raiva intercalada com momentos de profunda gentileza, generosidade, carinho e afeto."
Dinho Ouro Preto
músico, vocalista do Capital Inicial, à Folha
"Foi chocante para mim. A gente perdeu um grande letrista, um ícone do rock. A música dele sempre trazia alguma reflexão, sempre se renovando. Ele era muito eclético, ouvia desde rock, punk até reggae. As letras falavam de amor, mas de protesto também. Ele me chamou para gravar com o Charlie Brown em um rap que ele tinha feito. Me mandou uma fita, mas eu não consegui escrever nada. No final da mesma fita tinha a música 'Não É Sério'. Ouvi aquilo e tinha um solo de guitarra e comecei a rimar em cima, escrevi na hora. No dia de encontrar no estúdio para gravar, ele me perguntou se eu tinha escrito aquele rap. Eu respondi que não, mas que tinha feito uma letra para outra música que estava na fita. Ele nem lembrava que 'Não É Sério' estava naquela fita. O problema é que ela já estava finalziada, já estava mixada e masterizada. Mesmo assim, pedi pra mostrar pra ele. O Chorão curtiu e 'abriu' a gravação de novo para eu cantar em cima do solo de guitarra. Foi a oportunidade da minha vida. Sempre fui muito conhecida também pelas participações que fiz em disco dos outros. No RZO eu me considerava parte do grupo mesmo. Em termos de participações, a com o Charlie Brown foi a mais importante, foi a que me apresentou para a mídia. Por causa do Chorão eu me tornei a diva do rap. Ele que me apresentou para a gravadora. Queria ter ficado maior na música para retribuir tudo o que ele fez por mim, mas não deu tempo. Foi muito cedo, é o destino, Deus sabe de todas as coisas. Pretendo ir para Santos no velório e vê-lo pela última vez."
Negra Li
cantora, à Folha
"'Dias de Lutas, Dias de glórias'.. Descanse em paz, #Chorão."
Neymar
jogador do Santos Futebol Clube, pelo Instagram
"Dá uma sensação de perplexidade quando alguém morre cedo. Ele era um cara carismático e comunicativo. O Chorão, na época em outra banda, abriu um show dos Titãs em Santos, na turnê do Titanomaquia. Fico chocado e triste com a notícia."
Sérgio Britto
músico dos Titãs, à Folha
"A gente discutiu há uns cinco anos [Chorão criticou o CPM 22 em um show], mas há mais ou menos um mês e meio a gente conversou por telefone para tentar se encontrar. Essas coisas só acontecem na hora errada. Antes da briga, a gente tinha uma certa amizade. Nos últimos anos ele estava muito próximo de amigos meus, desde que o Heitor [Gomes, ex-baixista do Charlie Brown Jr.] entrou no CPM22, rolou uma aproximação maior. Ele era pai de um adolescente, tinha vários seguidores e era um grande talento. Sempre o respeitei como musico, é uma grande perda, especialmente pelo momento que o rock atravessa. O mercado de rock vai dar uma piorada."
Badauí
músico da banda CPM22, à Folha
"Estamos todos vivendo um período muito violento e o rock sempre viveu perigosamente. O Chorão era um guerreiro, é uma perda trágica porque ele foi um dos representantes de maior sucesso de sua geração. Vai ficar uma lacuna. Foi uma interrupção brutal de uma vida intensa, que sem dúvida acabou muito cedo. O Charlie Brown Jr. criou uma sonoridade que de certa forma desenhou o pop rock dos anos 1990 pra cá, principalmente nas rádios FMs --eles imprimiram um som que misturava um pouco de surf music, rock alternativo com velocidade, um hip hop "branco" com uma pegada punk/pop. Não sei como a banda vai se reorganizar ou se vai sobreviver à ausência dele. Acho que o que causa maior espanto são as circunstâncias misteriosas de sua morte. Gostaria de saber o que houve, assim como todo mundo."
Paulo Ricardo
músico, vocalista do RPM, à Folha
"O Chorão era um cara que, mesmo aparentando ser muito louco, com linguajar de malandro e skatista, tinha uma grande sensibilidade. Ele influenciou uma geração inteira, foi um dos maiores nomes do rock brasileiro e tratou muito bem as bandas que surgiram depois. O rock já carece de personalidade e pessoas que sejam fortes e a gente perdeu mais uma pessoa assim. No nosso primeiro show como banda, abrimos com a música 'Confisco', do Charlie Brown Jr. Fico triste pela família e pelos fãs --categoria em que me incluo--, que vão ficar órfãos."
Lucas Silveira
músico da banda Fresno, à Folha
"Chorão representava muito bem o rock, era quase um clichê do estilo: polêmico, engraçado, tinha causas e ímpetos juvenis. É mais uma perda precoce no rock. Por ele, tive momentos de simpatia e antipatia. Simpatia no dia em que ele me abordou em um prêmio da MTV para elogiar meu trabalho. De antipatia, pelo episodio lamentável do Marcelo Camelo [Chorão agrediu fisicamente o vocalista do Los Hermanos]."
Pedro Luís
músico da banda Monobloco, à Folha
"O Chorão foi um cara que no começo da nossa banda me influenciou muito, e influencia até hoje. Mais tarde, eu o conheci pessoalmente e viramos amigos. Ele conheceu meus pais, ficamos próximos de verdade. Ele era um cara autêntico, original, que falava o que pensava. Mas era extremamente amigo. Era um cara genial e deixou muita gente orfã com o que aconteceu. Fico feliz de ter tido a oportunidade de gravar uma musica com ele, o Remix de 'Cedo ou Tarde'. Todas as vezes que cantamos juntos foi muito bom, participei de vários shows do Charlie Brown Jr. Ele era um cara que roubava a cena, no bom sentido, quando chegava nos lugares, era muito humano. Estou verdadeiramente triste."
Diego Ferrero
músico da banda NX Zero, à Folha
"O Chorão e o Charlie Brown mantiveram viva a cena do rock popular. Acho que eles seguiram a tradição de bandas de rock como Titãs, Ira! e outras. Faziam uma música popular ligada mais ao rock do que ao pop. E tinham muita afinidade com a garotada, com a juventude. Eu tenho quatro filhos de gerações e idades diferentes. O meu de 13 e o de 24 anos eram fãs do mesmo jeito, conheciam as letras de trás para a frente. Agora precisa de alguém para substituí-los, mas eu não tenho visto. Eles foram a última banda de rock a ocupar esse espaço."
Edgard Scandurra
músico, ex-integrante do Ira! e Ultraje a Rigor, à Folha
"Foi a pior notícia do ano para mim. O encontro do Charlie Brown com o RZO foi fundamental. Nós ficamos conhecidos de um outro público, que era o deles. Você tem que ver a pessoa, não a música. Não importa se o cara faz rock, se faz punk, se faz rap, se faz samba, tem que vir para somar que nem foi o Chorão. Para você ver como Deus é perfeito. O Chorão sempre foi magoado com o Racionais. As más línguas disseram que eles não se gostavam. E o Chorão era orgulhoso, ficou muito magoado com isso, chegou a quebrar o CD do Racionais, mano. Ele dizia: 'pô, Helião, os caras não gostam de mim, não gosto mais deles". Mas ele amava os caras. Recentemente, o Planeta Atlântida teve Racionais e Charlie Brown. Eu dizia pro Chorão que não tinha nada a ver aquela fita. Tanto que levamos ele pro palco com a gente. Acredito que foi a melhor coisa da vida dele, ele olhou para mim com o lho cheio de lágrima, mano. Agora, você vê que ironia, ele fez música para a Coca-Cola, pra Red Bull, e essas porras mataram ele, ele estava gordão. A gente fica nessa porra de refrigerante, tem que parar com isso. Até falei com o Blue e com o Brown para a gente fazer uma música sobre isso, pra acordar para a vida. Os caras estão morrendo e eu não estou vendo reposição. Reconheço o valor das novas bandas, Badauí é meu parceiro, o menino do NX Zero é firmeza, mas o Charlie Brown é insubstituível."
Helião
MC do RZO, à Folha
"Chorão, respeito e admiro muito! Todo mundo tem sua hora, mas não consigo acreditar que a hora do Chorão já chegou!! Estou em choque!"
Fiuk
cantor, pelo Instagram
"Não tenho como expressar o que sinto, perder uma pesoa que faz parte da minha história. Faz mais um refrão, Chorão."
Rick Bonadio
produtor musical, pelo Twitter
"Chorão era genial como poeta, um porta-voz de sua geração. Por trás daquela imagem de brigão, era um cara bem simpático. Conheci ele em 2005 quando o chamei para participar de um tributo ao Renato Russo [vocalista da Legião Urbana], em que ele cantou 'A Canção do Senhor da Guerra'. O Charlie Brown, foi um dos grandes nomes da cena dos anos 1990. Junto com Raimundos, foi um dos poucos grandes da década."
Marcelo Froes
pesquisador de rock, à Folha
"Chorão sempre foi uma incógnita pra mim. Ídolo no palco e uma figura discreta fora dele. Lamento sua morte prematura... Nos últimos tempos, tinha a impressão que o Chorão estava em busca de paz e tranquilidade. Parecia cansado de uma imagem que ñ era mais ele."
Thedy Corrêa
vocalista da banda Nenhum de Nós, pelo Twitter
"Caramba...o Chorão morreu! Muito triste! Gostava muito dele! Bom coração! Poeta! Gente boa! Despejo todo meu carinho na familia! Uma perda!"
Luciano Huck
apresentador, pelo Twitter
"Com tristeza, acordamos sem o Chorão! Mais um talento faz a travessia na ponte da vida."
Elba Ramalho
cantora, pelo Twitter
"Desde 'Transpiração Contínua Prolongada'... hoje são meus filhos que curtem você, Chorão (eu disse isso a ele)."
Carla Vilhena
jornalista, pelo Twitter
"É triste esta notícia da morte do Chorão, tão jovem! Deus abençoe sua família!"
Buchecha
músico, pelo Twitter
"O dia parecia que seria de sol e alegria, mas ao invés disso: lagrimas e tristeza."
Ana Hickmann
apresentadora, pelo Twitter
"Tendo convulsões imaginando as discussões sobre gosto musical que a morte do Chorão vai inspirar."
Arnaldo Branco
cartunista, pelo Twitter
"Que dia mais triste! Desejo muita força pra família dele, banda e fãs."
Elektra
músico, vocalista da banda Fake Number, pelo Twitter
Livraria da Folha
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