Amigos de Santos lembram trajetória de Chorão
Anos antes de se tornar conhecido nacionalmente como o vocalista da banda Charlie Brown Jr, Chorão --encontrado morto nesta quarta-feira (6)-- já se destacava no circuito do rock em Santos, onde cresceu.
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"Conheci o Chorão no final da década de 80, quando eu tinha uma loja de discos. Ele batia cartão lá, ia todo dia comprar discos ou dar uma olhada nas novidades. Acabamos ficando muito amigos", diz o hoje técnico de futebol Alexandre Macia, o Pepinho, 47.
Pepinho foi uma das figuras importantes para o início de carreira de Chorão. "Na época, a banda dele se chamava What's Up e tocava apenas músicas em inglês. Eles faziam um som diferente desse que o fez famoso. Era mais parecido com o de bandas como Suicidal Tendencies." Tempos depois, Pepinho sugeriu a Chorão que mudasse o nome da banda.
Outro amigo da época é o jornalista Luiz Placido, 35. Ele relembra que, já como Charlie Brown Jr, a banda continuava cantando em inglês e fazendo música muito mais pesada. "A gente se conheceu naquela época de banda, todo mundo corria atrás daquele sonho de ser famoso."
Placido, que tocava em uma banda chamada Inner Struggle, lembra que o Charlie Brown Jr. já se destacava entre as outras. "Todo mundo curtia aquele som. A banda sempre esteve acima da média das demais, seja no quesito musical, seja no empenho."
PRIMEIROS SHOWS
Os primeiros shows foram produzidos com ajuda de Pepinho, em 1992, em São Vicente (Baixada Santista). "Eles faziam um som muito pesado, que agradava todo mundo. O Chorão chegava aos shows com um skate embaixo do braço. Ele ficava daquele jeito 24 horas por dia", diz o amigo, que destaca o carisma do vocalista.
Apesar do sucesso no circuito local de shows, a banda passou a cantar em português e a fazer um outro som, buscando um público mais amplo. "Quando isso aconteceu, muitos viraram as costas, pois julgavam que eles tinham se vendido e tal. Hoje, com todo mundo mais velho, a gente sabe que eles fizeram o certo e que tinham mais era que correr atrás do sonho deles mesmo", diz Plácido.
O jornalista cita a garra de Chorão, que chegou a fazer um show mesmo após quebrar a perna, andando de skate. "O Chorão chegou lá, de gesso na perna, pegou uma cadeira, colocou no meio do palco e fez o show", diz Plácido.
"Chorão falava com todo mundo. Onde ele ia, fazia amizade com as pessoas", diz Pepinho. "Ele era também um cara muito generoso. Há uns três anos, um amigo em comum, que sofria com diabetes estava muito mal, com risco de morrer. Ele desceu de São Paulo, colocou nosso amigo em um quarto particular no hospital e salvou a vida dele. Gastou uns R$ 34 mil."
PISTA DE SKATE
O local que mais reuniu fãs e curiosos na manhã da quarta foi o Chorão Skate Park, uma das melhores pistas indoor de skate do país, construída pelo artista.
A pista esteve fechada durante toda a manhã. Em frente ao local, muitos estudantes se reuniram para homenagear o cantor.
Fernanda Maria, 15, deixou um cartaz com uma mensagem de despedida: "Vivendo neste mundo louco, só na brisa. Chorão, eternizado na minha mente, vou levando a vida. Vai em Paz".
"Ele era um cara muito especial. Um grande ídolo de todos nós e tínhamos orgulho de ele ser daqui de Santos", disse a estudante.
Outros jovens, que andam de skate e frequentavam o espaço, lamentavam a perda e lembravam os momentos em que estiveram perto do ídolo.
"Ele era um cara da maior humildade, tratava todo mundo igual", afirmou Guilherme Santos, 15.
"Ele não tinha preconceito com ninguém. Era um grande artista e todo mundo gostava dele", comentou Gabriel Sá, 15.
A mesma opinião sobre o artista é compartilhada pelos vizinhos. O portuário aposentado Luiz Carlos Carrero, 68, disse que Chorão se destacava pela simpatia. "Ele era um cara que gostava do povo, dos humildes. Se sentia bem perto deles".
Carrero afirmou que ficou sabendo da morte de Chorão ainda pela manhã. "Está todo mundo triste aqui na cidade. Perdemos um grande companheiro, uma pessoa que se preocupava com os outros".
O Chorão Skate Park é uma pista indoor, famosa por ser uma das mais modernas do Brasil. Aberto em 2004, o espaço sedia uma escolinha para skatistas, incluindo aulas gratuitas para jovens de baixa renda. O local recebe shows e competições de skate, incluindo etapas do Circuito Brasileiro de Freestyle. Em 2008, sediou uma das etapas do Mundial de Freestyle.
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