Ex de Chorão publica carta de amor ao músico no site do Charlie Brown Jr.
A estilista Graziela Gonçalves, ex-mulher do cantor Chorão, do Charlie Brown Jr., encontrado morto na última quarta-feira (6) em seu apartamento em São Paulo, publicou uma carta no site oficial da banda em que declara seu amor ao músico.
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Famosos lamentam pelo Twitter a morte de Chorão, do Charlie Brown Jr.
Ela e Chorão estavam separados há seis meses, e familiares acreditam que esse pode ter sido um dos motivos que levou o cantor à depressão.
Na carta, Gonçalves diz que "agradece a Deus" por ter "proporcionado um grande amor" a ela por quase 20 anos.
"O que ficou, está gravado para sempre no meu coração e na memória. Não só minha, como também na de milhares de fãs. Através das suas músicas você transformou as nossas histórias em histórias para outros tantos casais Brasil afora. Não existe forma mais generosa e bonita de se eternizar um sentimento. Você também falou 'vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo'! Foi pouco mesmo, meu amor. Tão pouco..."
A estilista também afirma que Chorão disse que a amaria eternamente na última vez em que estiveram juntos, e retribui as palavras dele. "Vou te amar para sempre, sempre, sempre, sempre..."
Aos fãs, ela diz que eram "a única razão do Alexandre [Magno Abrão, nome real de Chorão] querer continuar a fazer o que ele fazia".
"Vocês fizeram o sonho dele se tornar realidade e minha gratidão a vocês é eterna."
A íntegra da mensagem pode ser lida aqui.
SUCESSO E POLÊMICAS
Skatista desde os 14 anos, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, formou a banda em 1992 basicamente para tocar em competições do esporte, em Santos (SP), para onde se mudou aos 17 anos.
Em 1997 veio o estouro. "Transpiração Contínua Prolongada", o disco de estreia do grupo (500 mil cópias vendidas) lançado pela gravadora Virgin e produzido por Rick Bonadio, tomou de assalto as rádios com "O Coro Vai Comê", um single cuja introdução era de uma divertida petulância juvenil ("Meu, tu não sabe o que aconteceu: os caras do Charlie Brown invadiram a cidade!").
E invadiram mesmo. À frente da banda estava Chorão, um vocalista carismático e explosivo, no palco e fora dele, que melhor representava a estética musical da banda, uma mistura de skate, punk rock californiano e hip hop. No ano seguinte, a banda foi catapultada pelo prêmio de "banda revelação" no Video Music Brasil, da MTV, então com prestígio à toda.
Autor da maioria das canções que gravou, retratava nas letras os perrengues de uma classe média sufocada por seguidas crises econômicas, a vida na praia, as competições de skate e as conquistas amorosas, sempre com total desapego por qualquer verniz cultural ("Eu não sei fazer poesia / mas que se foda").
Único membro da formação original a nunca deixar a banda, era dele o direcionamento artístico do grupo, que lançou nove discos de músicas inéditas, duas coletâneas, um disco acústico e dois ao vivo, que juntos venderam mais de cinco milhões de cópias.
Com uma agenda de shows lotados e praticamente um novo disco por ano, consolidou a carreira despejando hits nas rádios e clipes na TV. Entre os sucessos mais conhecidos estão "Te Levar", que foi tema da novela "Malhação" até 2006, e "Proibida Pra Mim", regravada pelo cantor Zeca Baleiro. O clipe da música original tinha no elenco a então assistente de palco do Gugu Alessandra Scatena e a atriz Luana Piovani.
Em 2003, a banda deixou um pouco de lado as distorções de guitarra e gravou um disco acústico lançado pela MTV com participação de Marcelo D2 e Marcelo Nova. Entre as músicas gravadas estão "Samba Makossa", de Chico Science e Nação Zumbi.
Em 2004, se envolveu em uma polêmica ao atingir com um soco e uma cabeçada o então vocalista da banda Los Hermanos, Marcelo Camelo, no aeroporto de Fortaleza, motivo pelo qual foi processado por perdas e danos materiais e morais.
Meses antes, Chorão havia sido criticado por Camelo por fazer música para um comercial de refrigerante. Foi absolvido pela Justiça, onde Camelo pedia R$ 150 mil de indenização.
No ano seguinte, venceu com o disco "Tamo Aí Na Atividade" o Grammy Latino de melhor disco de rock brasileiro.
No mesmo período, viu saírem da banda membros da formação original, como o baixista Champignon (Luís Carlos Leão), o guitarrista Marco Antonio valentim, o Marcão, e o baterista Renato "Pelado" Perez.
Dois anos depois, lançou o filme "O Magnata", com roteiro seu e direção de Johnny Araújo, que contava a conturbada vida de um roqueiro que teve infância difícil e alcançava o estrelato.
O filme, que tinha no elenco atores como Maria Luísa Mendonça e Chico Diaz, foi um fiasco de crítica e público (apenas 147 mil espectadores).
Em 2008, se envolveu em outra confusão. Foi expulso de um voo que se dirigia a Manaus, acusado de desobedecer e xingar a tripulação. Ele alegou que foi destratado por uma comissária de bordo.
Em setembro de 2012, quando tinha reintegrado à banda o baixista Champingnon e o guitarrista Marcão, interrompeu um show no interior do Paraná e fez um discurso agressivo contra os colegas, acusando ingratidão e problemas internos da banda. Chorão deixou o palco em seguida.
Dois dias depois, divulgou um vídeo em que Champignon pedia desculpas pelo acontecido e se dizia grato ao vocalista e líder da banda.
Desde o final do ano passado, a banda estava em férias e deveria retornar a agenda com um show no próximo dia 22 em Campo Grande, no Rio.
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