Estrangeiros agora cobiçam mercado de lojas de carro
Americanos, europeus e japoneses pretendem mostrar aos concessionários de veículos brasileiros como é possível depender menos do sobe e desce da venda de carros novos para aprimorar seu faturamento através de serviços e dos usados.
Depois da recente onda de investimentos das montadoras no Brasil, agora é a vez dos grupos de distribuição procurarem oportunidades no quarto maior mercado mundial do setor.
Novos negócios devem acelerar entrada na Bolsa
O americano Group 1, de capital aberto e 157 lojas, inaugurou a tendência neste ano ao comprar a rede de luxo nacional UAB, por cerca de R$ 300 milhões. A brasileira tem 18 unidades e fatura mais de R$ 1 bilhão ao ano.
"Esse primeiro movimento do Group 1 é, provavelmente, o início de uma série de movimentos que vão acontecer", afirma o presidente da concorrente Eurobike, Henry Visconde.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Visconde avançou em negociações com investidores americanos, mas a confusão sobre a alta do IPI (Imposto sobre Produtos Importados) para os importados atrapalhou o negócio. Ele não descarta, contudo, uma nova aproximação.
Não são só o volume e o potencial de crescimento que atraem. Os estrangeiros enxergam espaço para profissionalizar a gestão das redes, consolidar o mercado e usar a experiência acumulada em serviços como a oficina e a venda de garantia estendida para ampliar ganhos.
No Brasil, essa divisão representa 25% do resultado das redes, o resto provém da venda de carros novos. Nos Estados Unidos, os percentuais são invertidos em igual proporção.
Em apresentação aos acionistas, o Group 1 também exibiu levantamento mostrando que cerca de 19% do mercado no Brasil está nas mãos de 15 principais grupos.
AMERICANOS
O maior apetite por oportunidades no Brasil tem origem nos EUA. Ao menos dois grupos americanos sondaram redes nacionais nos últimos meses, segundo apurou a Folha com empresários do setor no país.
Investidores europeus e japoneses também se debruçaram sobre as finanças de lojas nacionais.
"O investimento em outros países faz parte de uma nova fase. Diferentes grupos estão interessados e já pesquisando possibilidades de adquirir redes em países em mercado que estão crescendo, inclusive no Brasil", afirma o presidente da associação de concessionárias dos EUA, David Westcott.
No congresso americano do setor neste ano, o presidente da Fenabrave (associação das concessionárias), Flavio Meneghetti, apresentou projeções otimistas sobre o mercado nacional e convidou os grupos a investir no país.
"Um importante grupo americano está investindo no país e esperamos que ele seja o primeiro de muitos. O Brasil ainda tem muito para crescer. Venham investir em nosso mercado", diz.
Em 2012, os grupos de concessionárias de veículos americanos gastaram US$ 224 milhões em aquisições fora dos EUA, segundo levantamento da consultoria americana do setor Presidio. A expectativa é de crescimento neste ano, apesar da previsão de bom desempenho nos EUA.
Juca Varella/Folhapress | ||
Clientes em uma concessionária da Renault em São Paulo comprada por uma rede dos EUA |
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