Ação da Petrobras avança mais de 5% e inverte tendência negativa da Bolsa
Impulsionado pelo forte avanço das ações da Petrobras, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, inverteu a queda vista durante boa parte desta quinta-feira (5) oscila em alta na última hora de negócios do dia.
Analistas ouvidos pela Folha não souberam precisar o motivo da alta das ações da estatal, mas disseram que pode estar relacionado a um possível novo reajuste nos preços dos combustíveis, embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já tenha afirmado que isso não está em discussão.
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"A queda do dólar melhora o cenário para quem tem que importar, como a Petrobras. Isso também pode estar ajudando a ação subir hoje", diz Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos.
Às 16h20 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 1,4%, a 52.442 pontos. No mesmo horário, os papéis mais negociados da Petrobras avançavam 5,51%, a R$ 17,78.
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caía 0,83% em relação ao real, cotado em R$ 2,334 na venda. Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, cedia 1,48%, a R$ 2,321.
Embora a alta da Petrobras tenha ajudado o Ibovespa a subir nesta tarde, analistas comentam que o cenário continua negativo para o mercado de ações.
Isso porque dados positivos da economia americana reforçam a possibilidade de corte no estímulo econômico nos EUA já em setembro, além da cautela sobe um possível ataque de potências ocidentais à Síria.
Nos EUA, os 176 mil empregos privados no relatório de agosto da processadora de folhas de pagamento ADP em conjunto com a Moody's Analytics ficaram pouco abaixo dos 180 mil postos esperados em pesquisa da Reuters.
Além disso, o número de americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego na semana passada caiu para perto da mínima de cinco anos, totalizando 323 mil solicitações, enquanto o ritmo de crescimento do setor de serviços nos EUA acelerou em agosto para nível mais forte em quase oito anos, a 58,6.
"Os resultados sinalizaram que a economia dos Estados Unidos está saudável, o que pode levar o Federal Reserve [banco central dos EUA] a reduzir o programa de estímulo monetário", diz João Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos.
Desde 2009, o Federal Reserve recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos do governo americano para injetar recursos na economia. Como parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil, a possibilidade de um corte no incentivo já em setembro, quando haverá uma nova reunião do Fed, desagrada o mercado.
Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero. Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.
Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu) manteve o juro básico da zona do euro em seu menor nível histórico, a 0,5% ao ano. O presidente da instituição, Mario Draghi, afirmou que o banco ficará atento aos mercados monetários, os quais o BCE havia dito anteriormente que estão fazendo suposições não justificadas de alta futura nas taxas.
As ações da OGX, petroleira de Eike Batista, lideravam as quedas do Ibovespa às 16h15, com perda de 4,88%, a R$ 0,39. Segundo a Folha apurou, Eike vai dar sua última cartada com os credores para evitar a recuperação judicial da OGX, possibilidade que já vem sendo estudada pelo grupo, com cinco executivos envolvidos nas negociações.
Além disso, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu processo administrativo contra Eike Batista, além de cinco diretores da petroleira OGX e o empresário Aziz Ben Ammar, que faz parte do conselho de administração.
Em sentido oposto, as ações da Sabesp tinham a maior alta do Ibovespa, com ganho de 10,89% às 16h17, a R$ 21,80. "O movimento reflete uma especulação no mercado de que a companhia poderia ser incluída na lista de reajustes terifários estimulados pelo governo", diz Alves, do BB.
CÂMBIO
Segundo operadores consultados pela Folha, a queda do dólar hoje se deve, mais uma vez, a operações atípicas, com forte entrada de dólares no país trazidos por bancos estrangeiros. Ontem, o mesmo movimento fez com que o dólar fechasse em queda em relação ao real.
O movimento vai na contramão da valorização do dólar em relação às principais moedas internacionais, como o euro.
Além disso, a moeda americana mostrava, às 16h19, valorização em relação a 23 das 24 principais moedas emergentes do mundo, no mercado à vista. O real era a única moeda que se valorizava em relação ao dólar.
"Uma explicação seria que os bancos se cansaram de manter posições compradas (que ganha com a alta do dólar) e passaram a ter posições vendidas (que ganha com a queda do dólar) --o que não faz o menor sentido porque o cenário de pressão para cima da cotação do dólar continua o mesmo", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Segundo Galhardo, a queda do dólar em relação ao real reflete uma grande operação, que gerou uma entrada pesada de dólares no mercado brasileiro, como a compra de uma empresa ou algo do tipo.
"Não faria sentido que uma empresa brasileira que tenha dólares no exterior trouxesse a moeda americana para o Brasil. Mesmo que isso pudesse reforçar seu caixa, a operação contribuiria para a queda do dólar, ou seja, ela teria perda na exportação de produtos", afirma.
As intervenções do Banco Central têm ajudado a amenizar a escalada do dólar vista desde o início do ano, mas, segundo operadores, não são suficientes para forçar, sozinhas, esse movimento de queda da cotação da moeda americana nos últimos dois dias.
Hoje, o BC realizou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu 10 mil contratos com vencimento em 2 de janeiro de 2014 por US$ 497,3 milhões.
O leilão do BC hoje estava previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.
Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.
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