Governo diz que "pelo menos leilão de Libra não dará deserto"
Em meio a uma operação de guerra, com o Exército bloqueando as entradas do local do leilão do campo de Libra, no pré-sal da bacia de Santos, assessores do governo e da ANP (Agência Nacional do Petróleo) fizeram a avaliação em conversas reservadas de que a disputa de hoje à tarde pelo menos não "dará deserto". Ou seja, não repetirá a concorrência da BR-262, que não atraiu interessados, e terá pelo menos um consórcio.
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Mesmo assim, a expectativa é de que não haja um grande ágio em relação à oferta mínima de 41,65% de retorno para o governo do petróleo produzido.
No leilão sob o regime de partilha, vence quem oferecer o maior retorno em petróleo para o governo, além de pagar um bônus de R$ 15 bilhões e se comprometer a um conteúdo local mínimo de bens e serviços.
Segundo a Folha apurou, o governo ainda apostava, na manhã de hoje, que haveria pelo menos dois consórcios, apesar do temor de apenas um concorrer. A presença de mais de dez representantes da Shell hospedados no hotel onde ocorrerá o leilão gerou em assessores da presidente Dilma Rousseff a expectativa de que a petroleira privada venha a encabeçar um segundo consórcio.
Entre representantes de empresas privadas, presentes ao hotel para o leilão, faziam a avaliação de que há 90% de chances de apenas um consórcio entrar na disputa. E que existe a possibilidade de formação de um único consórcio reunindo os principais interessados no campo de Libra: Petrobras, chineses, Shell e Total.
Pela manhã, veio a notícia de que a espanhola Repsol oficializou sua decisão de não participar do leilão, apesar de ter sido uma das inscritas. A informação não gerou preocupação no governo, porque a espanhola está associada, no Brasil, à chinesa Sinopec, com quem se inscreveu para o leilão.
Segundo um assessor, os chineses não vão competir entre si. Portanto, como eles teriam voz decisiva na decisão da Repsol-Sinopec, a informação já era, de certa forma, até esperada. Os chineses devem entrar no consórcio do qual irá participar a Petrobras, por meio da CNPC e CNOOC.
No hotel, localizado no bairro da Barra da Tijuca, a presidente da Petrobras, Graça Foster, tomou café logo cedo. Sua ausência chegou a ser dada como certa por sua assessoria, mas o Palácio do Planalto orientou a dirigente da estatal a estar no local do leilão do campo de Libra.
Para o presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo), João Carlos de Luca, á tendência é de que o modelo de venda mude já para o próximo leilão do pré-sal, previsto para daqui a dois ou três anos pela ANP.
Ele destacou que não foi o preço que afastou as grandes petroleiras privadas, mas a governança no regime de partilha, que dá muito poder ao governo e à Petrobras.
"Pelo menos essa questão da Petrobras como operadora única espera-se que mude, mas também a governança pode ser rediscutida", disse, diante da possibilidade de um único consórcio participar do leilão.
Segundo ele, com um bônus de R$ 15 bilhões, ou cerca de US$ 7 bilhões, o comprador do campo de Libra estaria pagando menos de um dólar por barril de petróleo, diante de recursos recuperáveis entre oito e 15 bilhões de barris.
"Em termos internacionais não é caro para acessar reservas desse porte, é perfeito para os chineses", disse o executivo.
O ex-diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, também presente no hotel, defendeu a venda de Libra, que para ele não é uma privatização. "Se o consórcio não cumprir o que prometeu, a União pega o campo de volta, não é igual a privatização da Vale, por exemplo, que foi e não tem volta", disse.
BOMBAS CONTRA PEDRAS
Os policiais da Força Nacional já lançaram pelo menos duas bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Segundo o Ministério da Justiça, a reação se deveu a uma tentativa de invasão dos manifestantes, que teriam inclusive atirado pedras e atingido um policial. Dois manifestantes também teriam sido feridos.
A praia foi fechada nas imediações do hotel, mas mesmo assim alguns banhistas arriscavam caminhar na areia, sem que fossem impedidos pelos militares.
EPE
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) avalia que, mesmo que apenas um consórcio participe do leilão da área gigante de Libra, o primeiro certame do pré-sal já será um sucesso porque o retorno para o governo será considerável, em bônus de assinatura e óleo lucro.
Segundo o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, em leilões de grandes áreas é difícil haver muitos participantes porque o porte do investimento já restringe a participação de interessados.
"Este investimento é um investimento gigante, e pela sua própria característica é muito difícil você ter grande competição, pelo tamanho que restringe as empresas. O que mais importa é que as condições iniciais que foram colocadas no leilão, bônus e percentual de óleo que a União vai ficar, garantam o sucesso", disse ele a jornalistas ao chegar para o leilão, em um hotel na zona oeste do Rio de Janeiro.
Tolmasquim não tinha conhecimento sobre o número de consórcios participantes, mas chegou a comparar o leilão de Libra com o da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, considerado um dos maiores empreendimentos hidrelétricos do Brasil, que atraiu apenas dois consórcios.
Editoria de Arte/Folhapress |
Com Reuters
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