BCE anuncia medidas para incentivar crédito e evitar deflação na Europa
O Banco Central Europeu anunciou nesta quinta-feira (2) detalhes do programa de compra de dívidas privadas para estimular o crédito e estancar os sinais de estagnação de sua economia.
A operação na zona do euro começa em meados deste mês e deve durar dois anos, anunciou o presidente do BCE, Mario Draghi.
O foco são compras de bônus cobertos e títulos lastreados em ativos (conhecidos em inglês como ABS). Draghi disse que há uma estimativa de injetar até € 1 trilhão nessas transações.
Basicamente, a transferência dessas dívidas para o balanço do BCE aumentará a margem dos bancos para oferecer mais crédito a empresas e pessoas físicas, ou seja, emprestar mais dinheiro e movimentar a economia.
"As novas medidas vão apoiar os segmentos de mercado específicos que desempenham um papel fundamental no financiamento da economia", declarou Draghi, após reunião em Nápoles (Itália).
Draghi informou ainda que o órgão decidiu manter sua principal taxa de refinanciamento em 0,05%, assim como em -0,20% a de depósitos - ambas foram reduzidas em setembro em outro movimento do banco central diante do cenário de lenta recuperação.
Ao interferir agora na compra de títulos, o BCE tenta também, além de baratear o crédito, manter o ritmo de recuperação da economia do bloco para afastar no curto prazo a possibilidade de deflação - a inflação desacelerou a 0,3% no mês de setembro, sendo que a meta é próximo de 2% ao ano.
"Nossas medidas buscam o o caminho através da economia para um retorno das taxas de inflação a níveis mais próximos do nosso objetivo", defendeu Draghi. Segundo ele, as medidas, consideradas excepcionais, são unânimes dentro do conselho de governo do BCE.
DETALHES
Diante da expectativa do mercado, o BCE detalhou como deve ser a operação de compra de bônus cobertos e de ABS.
O primeiro, comum na Europa para captação de recursos, atinge sobretudo dívidas hipotecárias, com uma garantia: mesmo que a instituição bancária vá à falência, os títulos continuam à disposição dos investidores.
É considerado, em tese, mais seguro do que o ABS, este atrelado a ativos de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, incluindo, por exemplo, cartão de crédito e venda de veículos.
De acordo com as regras divulgadas nesta quinta, para serem comprados pelo BCE, os títulos devem ser, entre outras coisas, operados apenas no bloco, em euro e com país emissor na zona da mesma moeda. Já os bônus cobertos devem ser emitidos por instituição de crédito da área do euro e ser liquidada dentro dela.
A economista Azad Zangana, da gestora de fundos britânica Schroders, criticou a falta de mais detalhes sobre de quem vai comprar dívidas e quanto o BCE vai realmente injetar nessa operação. Ressaltou ainda que medidas excepcionais como as anunciadas nesta quinta refletem a apreensão com o futuro da zona do euro.
"A mensagem clara é que a política monetária na Europa vai continuar frouxa por muito tempo, em contraste com a dos Estados e do Reino Unido, mercados que esperam crescimento na taxa de juros no próximo ano", disse.
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