Devolução de dinheiro ao Tesouro vai depender do PIB, diz BNDES
Rafael Andrade - 30.jan.2009/Folhapress | ||
Sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), no centro do Rio de Janeiro (RJ) |
A revisão do crescimento econômico para cima neste ano e em 2018 pode atrapalhar os planos do governo Michel Temer em ter de volta R$ 180 bilhões do BNDES.
O governo solicitou a devolução de R$ 50 bilhões neste ano e R$ 130 bilhões no ano que vem como parte dos cerca de R$ 500 bilhões injetados no banco de 2008 a 2014.
O objetivo na época era elevar a oferta de crédito e evitar a retração da economia. Mas os repasses contribuíram para o aumento da dívida pública, cujo ritmo acelerado de expansão é hoje preocupante.
A diretoria do BNDES está preparando um cardápio de cenários para a devolução de acordo com diferentes expectativas de crescimento. O temor é que faltem recursos para emprestar se a economia crescer mais que o previsto.
"Temos várias opções para esse resgate antecipado. Se o PIB crescer 3,5%, será uma opção de resgate, se crescer 2%, outra. Em cima desses cenários, vamos conversar e ver o que pode ser resgatado", disse o diretor do banco Carlos Thadeu de Freitas.
Ele observa que o governo já vem sinalizando que a economia pode crescer mais: 1% neste ano e 3% em 2018, ante as previsões atuais de 0,5% e 2%, respectivamente.
"Não quer dizer que, pelo fato de ter pedido R$ 180 bilhões, o BNDES possa resgatar o mesmo valor. Vai depender do nosso fluxo de caixa e das circunstâncias, que estão mudando muito rapidamente", disse. "A demanda por R$ 180 bilhões ocorreu em um momento em que a economia estava fraca."
Assim, a devolução da quantia solicitada não deverá ser possível, indicou o diretor do BNDES, sob pena de o banco ficar "inoperante".
"O BNDES não tem caixa suficiente para devolver R$ 180 bilhões, porque parte dos recursos está comprometida com finalidades definidas."
Segundo o balanço do banco em junho, o BNDES tinha R$ 173 bilhões em caixa.
Com o ritmo lento de investimentos e de desembolsos, está entrando mais dinheiro (em pagamentos de empréstimos já concedidos) do que saindo em novas operações de crédito —a sobra até junho alcançou R$ 45 bilhões. Esse aumento de caixa é um dos principais argumentos do governo em defesa da devolução.
Freitas diz, porém, que o banco já nota um aumento recente na demanda por pedidos de novos financiamentos. E que isso deve se acelerar com a retomada da economia.
PEQUENO EMPRESÁRIO
Ele adiantou ainda que uma nova modalidade de empréstimos deve entrar em operação, como projeto-piloto, nos próximos meses.
Trata-se de uma linha de crédito que dispensa o tomador de oferecer garantia real, o que, segundo ele, será alvo de grande procura de pequenos empresários. O limite do empréstimo será de R$ 20 milhões, com taxa de juros do BNDES de 4,3% ao ano.
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