Site de jornal francês é invadido após HQ sobre profeta do islã
O site do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" foi atacado, ontem, por piratas. Apesar de os corsários não terem se identificado, essa invasão coincidiu com a publicação de uma história em quadrinhos sobre Maomé.
É o ápice da "biografia não autorizada", já que a representação do profeta do islamismo é tabu religioso. Apesar disso, a capa do "Charlie Hebdo" dizia que a edição era "halal" --ou seja, no jargão do islamismo, "permitida".
Em entrevista à Folha, um funcionário, que não quis se identificar, descreveu as tentativas de boicote ao website.
"Houve uma série de tentativas de entrar no nosso sistema, nenhuma bem-sucedida. Então tentaram sobrecarregar o servidor, que ficou fora do ar por algum tempo."
Os ataques ao "Charlie Hebdo", que prosseguiram durante o dia, não são inesperados. O semanário, fundado em 1969 e apresentado na própria capa como "jornal irresponsável", é reincidente na representação do profeta.
Em 2011, a redação foi alvo de um incêndio criminoso após ter publicado uma série de caricaturas sobre Maomé.
No gibi publicado nesta semana, diversos cronistas relatam episódios da vida do profeta do islamismo, acompanhados de ilustrações de Charb, diretor da publicação.
"As pessoas podem dizer o que quiser", afirma o funcionário da redação do jornal. "Eu consigo enxergar a coincidência, mas não quero chegar a nenhuma conclusão."
Ainda não há uma estimativa de quantos exemplares da edição desta semana foram vendidos. Quando as charges foram publicadas, em 2011, as vendas chegaram a 220 mil cópias, segundo o "Charlie Hebdo" --a tiragem normal é de 45 mil semanais.
A edição que traz a biografia de Maomé em quadrinhos inclui, também, uma entrevista com o filósofo Abdennour Bidar sobre o tópico da representação do profeta --segundo a capa do semanário, "essa questão fatigante".
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