Político árabe cria partido pró-israelense
Cansado da retórica hostil e dos poucos resultados dos partidos árabes em Israel, o político beduíno Atef Krinawi concluiu que é preciso uma mudança drástica.
Há pouco mais de dois meses ele reuniu um grupo de amigos e criou o primeiro partido árabe pró-Israel, o qual batizou com um nome em hebraico: Tikva le shinui (Esperança de Mudança).
Krinawi não esconde seu desprezo pelos partidos árabes veteranos, para ele "uma máfia" a serviço de interesses estrangeiros. "Recebem dinheiro de fora para manter o foco na questão palestina e esquecem os problemas mais graves dos árabes", critica.
Disposto a romper o isolamento, Krinawi é a favor até mesmo do serviço militar para árabes, ideia amplamente rejeitada entre a minoria.
Pela lei israelense, os árabes são isentos do alistamento obrigatório, em reconhecimento ao óbvio conflito de interesses na questão palestina.
"Israel é meu país, os palestinos são meu povo", diz Ghaleb Majadleh, deputado do Partido Trabalhista e primeiro árabe muçulmano a ser ministro em Israel, em 2007.
Apesar do consenso sobre a isenção ao serviço militar, a campanha em Israel reacendeu a ideia de que os árabes tenham os mesmos deveres.
No lugar dos três anos no Exército obrigatórios para os homens judeus, no entanto, seria aplicado o mesmo período de serviço nacional (trabalho comunitário) para árabes.
Os maiores partidos árabes rejeitam com veemência a ideia. "Antes dos deveres, queremos nossos direitos", diz o médico Afou Eghbariyeh, deputado do Hadash, partido comunista árabe que também tem membros judeus.
A colaboração entre judeus e árabes é o eixo do pequeno Daam, que entrou no radar na campanha como alternativa para eleitores de esquerda.
"A desigualdade, a pobreza e a injustiça atingem tanto judeus como árabes", diz Asma Aghbarieh, líder do Daam ("solidariedade", em árabe), único partido de total cooperação entre judeus e árabes. (MARCELO NINIO)
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