Cardeais terminam reunião preparatória sem 12 eleitores de conclave
O Colégio de Cardeais terminou por volta das 13h30 locais (9h30 em Brasília) a primeira reunião preparatória do conclave que elegerá o sucessor do papa emérito Bento 16, que renunciou na quinta (28).
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O encontro teve a presença de 142 dos 207 cardeais do grupo, sendo 103 eleitores na escolha do pontífice. Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, ainda faltam chegar 65 integrantes do Colégio de Cardeais, incluindo 12 dos 115 que possuem poder de voto.
Na lista, não estão incluídos o arcebispo de Jacarta, na Indonésia, Julius Darmaatjadja, que desistiu de participar, e cardeal escocês Keith O'Brien, que renunciou ao cargo de arcebispo de Edimburgo e era o único votante do Reino Unido.
O decano do grupo, Angelo Sodano, disse que não será fixada a data do conclave até que os 115 integrantes do Colégio de Cardeais com poder de voto estejam em Roma.
Com a determinação da data, serão fixados o fechamento da Capela Sistina e a desocupação e retirada de equipamentos de comunicação do hotel do Vaticano, como passo para manter o segredo dos votos e discussões do conclave.
O encontro, chamado de Congregação Geral, é um termômetro da receptividade aos mais cotados para papa, embora também participem os cardeais com mais de 80 anos, que não terão direito a voto.
ESCÂNDALO
A reunião aconteceu em meio ao abalo provocado pela revelação de mais escândalos sexuais. No domingo (3), o cardeal escocês Keith O'Brien, que renunciou no dia 25 após ser acusado de "comportamento inadequado" nos anos 80, admitiu que sua "conduta sexual ficou abaixo dos padrões" que se esperavam dele.
Também devem discutir temas espinhosos como o vazamento de informações, conhecido como Vatileaks, e a possibilidade de acesso ao relatório da comissão de três cardeais que investigou o escândalo.
O conclave não tem candidaturas formais, mas os cardeais aproveitam o período de Sé Vacante para articular, nos bastidores, o apoio a seus preferidos antes de se trancarem na Capela Sistina.
Segundo religiosos que participaram do conclave de 2005, nomes não são citados nos debates. No entanto, os cardeais começam a sinalizar suas intenções de voto ao enumerar as qualidades que esperam ver no próximo papa.
Editoria de Arte/Folhapress |
Os eleitores devem buscar um sucessor capaz de enfrentar problemas como a perda de fiéis, os escândalos de pedofilia e as suspeitas de corrupção no Vaticano. Nesta fase preparatória, os cardeais também estabelecerão a data do conclave. Espera-se que a eleição comece até o dia 11.
COTADOS
Vaticanistas afirmam que a lista de favoritos é encabeçada pelo italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão. Ele seria o preferido de Bento 16.
Scola é o mais cotado caso a igreja volte a escolher um italiano para comandá-la. Outra opção seria Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho de Cultura da Santa Sé.
Dois "papabili" citados vêm da América do Norte: o canadense Marc Ouellet e o americano Sean O'Malley.
Dos cardeais da América Latina e da África, os mais cotados são o brasileiro Odilo Scherer e o ganês Peter Turkson.
Com informações de BERNARDO MELLO FRANCO, FELIPE SELIGMAN e FABIANO MAISONNAVE, enviados especiais a Roma.
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