Ex-premiê acusado de crimes contra humanidade toma posse no Quênia
O ex-primeiro-ministro Uhuru Kenyatta, 51, tomou posse nesta terça-feira como presidente do Quênia, após ser eleito em 4 de março. Ele assume o cargo mesmo tendo sido acusado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.
Kenyatta foi ratificado pela Justiça como presidente no último dia 31. Ele venceu a eleição com 50,07% dos votos, o que despertou a suspeita de fraude e recurso do candidato opositor Raila Odinga, desconsiderada pelo Judiciário. O pleito foi realizado de forma pacífica, com confrontos isolados e protestos pacíficos.
Thomas Mukoya/Reuters | ||
Novo presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta segura uma cópia da Constituição durante cerimônia de posse em Nairóbi nesta terça |
A cerimônia, realizada em um estádio da capital Nairóbi, contou com a presença de dezenas de chefes de Estado africanos e cerca de 60 mil pessoas, dentre eles representantes diplomáticos de China, Estados Unidos e União Europeia. Os dois últimos temem pela instabilidade do país durante seu mandato.
Kenyatta se tornou hoje o terceiro presidente da comunidade quicuio, que soma cerca de 20% da população do Quênia, e entrou em confronto com a etnia lúo após a eleição de 2007. Devido aos conflitos, ele e o vice-presidente William Ruto, são julgados pela corte internacional.
O Quênia é o primeiro país que elege como chefe de Estado um candidato processado pelo TPI e o segundo país do mundo dirigido por um presidente que enfrenta um julgamento nesta corte. O primeiro foi o Sudão, do ditador Omar al Bashir.
REVOLTA
O cenário da posse de Kenyatta foi diferente de 2007, quando cerca de 1.300 pessoas morreram em uma revolta provocada pelo resultado eleitoral, com acusações de fraude na disputa entre Raila Odinga e o ex-presidente Mwai Kibaki, aliado do atual presidente.
Na ocasião, o atual mandatário foi acusado de instigar as ações violentas dos adversários, em especial os aliados de Odinga, que pertencem a tribo luo, após o pleito que deu a vitória a Mwai Kibaki, que é da tribo quicuio, assim como Kenyatta.
Os grupos entraram em confronto, gerando ações violentas e massacres em diversas partes do país. A aceitação por parte de Odinga da decisão da Justiça dissipa os medos de muitos observadores de uma nova explosão de violência entre simpatizantes dos dois candidatos.
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