Maduro confirma presença em reunião extraordinária da Unasul
O presidente eleito venezuelano, Nicolás Maduro, confirmou nesta quinta-feira que participará da reunião extraordinária da Unasul em Lima, na qual os líderes da região devem discutir o processo democrático do país e os questionamentos sobre a legitimidade da votação que deflagrou uma crise política na Venezuela.
"Denunciarei os últimos eventos violentos e como derrotamos um golpe" de Estado, afirmou Maduro, em rede nacional.
A chegada de Maduro havia sido anunciada pelo vice-ministro de Relações Exteriores do Peru, Fernando Rojas, que será anfitrião da reunião como chefe da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, também participará do encontro em Lima.
Depois das reunião, os presidentes viajam a Caracas para a posse na sexta-feira de Maduro, que venceu com uma vantagem de 272 mil votos sobre o candidato de oposição Henrique Capriles.
O resultado foi questionado pela oposição e provocou confrontos nas ruas do país entre manifestantes e forças de segurança, que resultaram em oito mortos, segundo dados oficiais.
" A informação que temos é que viria o presidente Maduro", disse Rojas.
"O objetivo da reunião sempre foi o de trabalhar em busca de consensos, na procura de fortalecer a democracia, não somente em um país, mas na região", acrescentou o vice-ministro, que confirmou a presença de todos os chefes de Estado na reunião --convocada pelo presidente peruano, Ollanta Humala, na condição de presidente pro tempore do organismo--, menos o do Equador e da Guiana.
Mais cedo, o chanceler argentino, Héctor Timerman, disse em Buenos Aires que na reunião serão rejeitadas as "expressões extrarregionais" que questionaram a eleição venezuelana.
"Todos os países coincidimos sobre a necessidade de nos reunirmos previamente à posse de Maduro para expressar uma posição unânime do bloco em relação às expressões extrarregionais e a alguma dentro de nossos próprios países que questionaram a legitimidade das eleições", disse Timerman a uma rádio argentina.
EUA
Na última quarta-feira (17), o o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que os Estados Unidos ainda não decidiram se reconhecem Nicolás Maduro como presidente da Venezuela, à espera de um esclarecimento da controvérsia sobre a recontagem dos votos.
"Essa avaliação tem que ser feita e eu ainda não a fiz", disse ele à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, quando perguntado se Washington reconhecerá o resultado das eleições de domingo, contestada pela oposição.
"Achamos que deve haver uma recontagem", Kerry disse aos legisladores.
ESPANHA
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha emitiu na quarta um comunicado onde reconhece Maduro como presidente da Venezuela, após um incidente diplomático entre os dois países no último domingo.
"Cumpridos os trâmites constitucionais e legais internos, o governo da Espanha respeita a proclamação por parte do Conselho Nacional Eleitoral de Nicolás Maduro como presidente eleito da República Bolivariana da Venezuela", disse o ministério em um comunicado emitido na noite da última terça-feira (16).
O governo espanhol expressou também "seu desejo de que, no âmbito da Constituição, todos os atores políticos ajam com responsabilidade e respeito às instituições".
As relações entre os países ficaram tensas na última segunda (15) após declarações de o chefe de diplomacia espanhola, José Manual García Margallo, que evitou classificar como definitivos os resultados das eleições, por causa da pequena diferença entre os candidatos: Maduro teve 50,66% e Capriles 49,07%.
"O que o resultado, seja qual for o veredito final depois da recontagem, certifica é que há uma polarização muito forte na Venezuela", disse Margallo.
Depois de tomar conhecimento das declarações, Maduro conversou com o embaixador venezuelano em Madri para avaliá-las.
COREIA
A Coreia do Norte felicitou Maduro por sua vitória e desejou um maior estreitamento dos laços com o país sul-americano em torno do socialismo.
"A eleição de Maduro como presidente da Venezuela é uma expressão da profunda confiança e expectativas do povo venezuelano, que possui a firme vontade de manter o caminho do socialismo", disse Kim Yong-nam, dirigente do Parlamento do país comunista.
A mensagem de felicitação foi divulgada pela agência estatal KCNA.
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