Deputado de Israel diz que ataques na Síria não são para ajudar rebeldes
Um deputado aliado ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira que os dois últimos ataques do Estado judaico a instalações do regime sírio não têm a intenção de ajudar os rebeldes que lutam contra Bashar Assad.
Duas instalações militares da Síria foram alvo de bombardeios de Israel, na quinta (2) e no domingo (5). De acordo com fontes israelenses e o regime sírio, as ações foram contra um carregamento de mísseis que era levado ao Líbano e uma instalação militar em Jamraya, a 60 km de Damasco.
Após as ações, o regime sírio acusou Israel de querer ajudar os rebeldes sírios e ter associações com grupos opositores, em especial a Frente al Nusra, organização que reivindicou ataques terroristas contra o governo e diz ser associada à rede terrorista Al Qaeda.
Em entrevista à rádio Israel, o deputado Tzachi Hanegbi disse que o intuito do governo israelense com os ataques é evitar "um aumento da tensão com a Síria, deixando claro que, se houver atividade, é só contra o [grupo radical libanês] Hizbollah, e não contra o regime sírio".
No domingo (5), fontes do governo israelense afirmaram que a intenção era destruir mísseis iranianos de longo alcance que, segundo eles, poderiam cair nas mãos do grupo libanês, que prega a destruição do Estado de Israel.
O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, Masud Jazayeri, negou nesta segunda que os mísseis pertençam ao Irã e afirma que a acusação de Israel "faz parte de uma guerra de propaganda contra a Síria".
Em entrevista, o militar afirmou que o regime sírio não precisa de armas iranianas e que, se os israelenses continuam a atacar, "vão ocorrer acontecimentos graves na região e os Estados Unidos e o regime sionista não serão os vencedores".
GUERRA
No domingo, o regime sírio afirmou que o ataque seria "uma declaração de guerra" de Israel, que poderia se expandir a todo o Oriente Médio. O bombardeio foi condenado pelo Irã, aliado de Assad, mas também por Egito e a Liga Árabe que, mesmo sendo opositores ao ditador sírio, são contrários a ações militares de Israel.
O ministro da Informação da Síria, Omram al Zoubi, disse que os ataques fazem com que o Oriente Médio se torne "mais perigoso" e são "uma flagrante violação às leis internacionais". Ele enviou duas cartas à ONU para pedir providências para evitar novos bombardeios israelenses.
Ele também acusou os Estados Unidos de darem cobertura para a ação israelense e voltou a dizer que os rebeldes são financiados por países árabes, como a Arábia Saudita, a Turquia e o Qatar. "Estamos todos em um estado de ira. Não é um ataque novo, pois é praticado todos os dias por terroristas".
Embora a retórica do regime sírio seja de guerra com Israel, é improvável que Assad provoque um conflito, em especial pelo uso de todo o efetivo do Exército sírio para combater os grupos rebeldes e pela disparidade das forças sírias em relação às israelenses.
Por outro lado, fontes militares dizem que Israel não está disposto a tomar partido na guerra civil da Síria, por temer que suas ações ajudem militantes islâmicos que são ainda mais hostis a Israel do que a família Assad, que tem mantido uma posição estável com o Estado judeu por décadas.
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