Para Itamaraty, acordo de paz para a Síria precisa proteger minorias
Se convocado para as negociações sobre Síria em Genebra, o Brasil defenderá um acordo de paz que garanta o "mínimo de segurança" para todas as minorias do país.
A posição do Brasil continua sendo a de que "não há solução militar" para o conflito que já dura 27 meses e deixou mais de 80 mil mortos, segundo as Nações Unidas.
Segundo fontes diplomáticas brasileiras, a "essência" de um acordo eficiente é determinar o cessar-fogo dos dois lados e garantir a segurança de cada comunidade religiosa do país --já que o conflito assumiu, em grande parte, um perfil sectário.
Ao longo de dois anos, a guerra colocou em confronto a maioria sunita, que forma a base da oposição, e as minorias alauita --à qual pertence o ditador Bashar Assad--, xiita, cristã e drusa. Entre as minorias, há o sentimento de que só Assad é capaz de garantir sua proteção --argumento usado também por países que defendem o regime.
Em visita ao Rio de Janeiro na última terça-feira, o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que sondaria a possibilidade de participação do Brasil nas discussões, previstas para julho. Segundo ele, a contribuição do país seria um "prazer, considerando sua posição objetiva e equilibrada".
O encontro, proposto em maio por EUA e Rússia como uma retomada dos diálogos iniciados em Genebra em junho de 2012, foi adiado na semana passada por não haver acordo sobre a participação de membros do governo Assad e dos rebeldes na reunião.
Até agora, está prevista apenas a participação no chamado "Genebra 2" dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China). Anteontem, o chanceler Antonio Patriota defendeu a inclusão dos outros países do Ibas -- Índia e África do Sul-- nas conversas.
Um dos grande pontos de impasse é a participação ou não do Irã, principal aliado de Assad. Ontem, o vice-chanceler iraniano, Hossen Amir-Abdullahian, disse que o país foi convidado para a conferência --sem dar detalhes de onde teria vindo o convite.
A presença do Irã é rejeitada por França, Reino Unido, Arábia Saudita e Qatar, que apoiam os rebeldes. O vice-chanceler disse que Teerã responderá ao convite quando recebê-lo por escrito.
À Folha, um alto funcionário do governo iraniano cobrou do Brasil maior envolvimento na busca por uma solução negociada para o conflito. "Por que o Brasil não usa sua credibilidade na região para ajudar as partes a se entenderem? O país poderia interceder na condição de mediador desinteressado, sem agenda oculta".
Segundo ele, o Brasil não deveria "se omitir" em situações em que pode contribuir.
Colaborou SAMY ADGHIRNI, de Teerã
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