Ex-juiz espanhol negou que assumirá defesa de delator dos EUA
O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, que assessora o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, negou nesta quarta-feira que assumirá a defesa de Edward Snowden, que revelou o monitoramento de dados de internet e telefones feito pelos Estados Unidos.
Na segunda (24), o ex-magistrado afirmou que estudaria se participaria ou não da defesa do delator, que é processado pelos Estados Unidos por informar sobre o programa de monitoramento feito pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).
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A negativa foi divulgada em nota do escritório de advogados pertencente a Garzón, em Madri, sem apresentar motivos para a decisão. O ex-juiz espanhol é responsável por assessorar a defesa de Assange, que recebeu asilo diplomático do Equador, mas está abrigado na embaixada do país sul-americano em Londres.
O responsável pelo site WikiLeaks tem um mandado de prisão expedido pelo Reino Unido para sua extradição à Suécia, onde responde a acusações de crimes sexuais. O temor da defesa é que Assange seja enviado a um terceiro país, neste caso os Estados Unidos, onde seria julgado por revelar informações sigilosas.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou milhares de documentos do Departamento de Estado americano e das Forças Armadas sobre as relações diplomáticas e as operações dos Estados Unidos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
O grupo assessora Snowden desde que as informações sigilosas do governo americano foram reveladas pelos jornais "Guardian" e "Washington Post". O grupo também enviou uma advogada, Sarah Hamilton, que, de acordo com a entidade, está com o delator na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.
Segundo o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ele não deverá ser extraditado por Moscou e pode ir para qualquer país. O WikiLeaks afirma que ele sairá de Moscou para Havana, de onde continuará os trâmites para o asilo diplomático equatoriano.
O porta-voz do site, Kristinn Hrafnsson, disse à emissora de televisão americana CNN que Snowden "descansa em um lugar seguro e confortável, simplesmente relaxando após uma semana muito estressante".
SNOWDEN
Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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