Acuados em mesquita, islâmicos não reconhecem deposição de Mursi
Acuados na mesquita de Rabia al-Adawiya, no Cairo, integrantes da Irmandade Muçulmana afirmam que não reconhecem a deposição do presidente Mohammed Mursi. O presidente foi deposto na noite de quinta-feira, após uma ação de militares.
Ele assumiu a liderança do Egito após protestos em massa destronarem o ex-ditador Hosni Mubarak, no início de 2011. Nos meses seguintes, lidou com um país em crise política e econômica e irritou a população com sua agenda conservadora.
Mursi é proibido de sair do Egito após acusação de 'insulto ao Judiciário'´
Promotoria ordena prisão de líderes da Irmandade Muçulmana no Egito
Adly Mahmud Mansur presta juramento como presidente interino do Egito
Folha acompanha passo a passo a Primavera Árabe; veja
O ex-mandatário deixou o cargo após os militares tomarem as ruas e estabelecerem um governo interino, conduzido pelo presidente da Suprema Corte Institucional, Adly Mahmoud Mansur, que jurou o cargo nesta quinta-feira.
À Folha eles dizem que permanecerão ali, protegidos por militantes com pedaços de pau, até que o governo seja restituído. "É um golpe militar", diz Gihad al-Haddad, porta-voz do grupo. "O fato de ter um rosto civil não torna isso melhor."
Ele falou à Folha e a um jornal espanhol, entre simpatizantes de Mursi. Haddad confirma que Mursi está detido, assim como outros membros do grupo. Ele também afirma que houve conflitos violentos nos arredores da mesquita, perpetrados pela oposição.
"Tudo indica que estamos indo de volta à era da repressão. Não somos estúpidos para acreditar na capacidade da polícia de nos defender."
Mais cedo, um dos líderes da entidade, Mohamed el-Beltagy, disse a repórteres que a Irmandade Muçulmana dificilmente entrará em um conflito armado contra os militares e o governo interino, conforme a tradição de pacifismo do grupo.
No entanto, o grupo religioso não pretende negociar com as novas autoridades egípcias, como pedido mais cedo pelo presidente interino, segundo comunicado publicado na página do grupo no Facebook.
PRISÕES
Nesta quinta, os militares pediram à Promotoria a prisão dos líderes da Irmandade Muçulmana, grupo a que era vinculado o presidente Mohamed Mursi.
A prisão do guia espiritual da entidade, Mohamed Badie, e de seu número dois, Khairat al-Shater, foi pedida pelo promotor Ahmed Ezzeldin, que acusa os dois de incitar a violência e incentivar a morte de opositores que protestavam em frente à sede do grupo no Cairo, no último domingo (30).
A pedido dos militares, os promotores ainda emitiram mandados de prisão contra centenas de membros da Irmandade Muçulmana. De acordo com a emissora de televisão americana CNN, foram 250 ordens de prisão, enquanto o jornal britânico "Guardian" informa pelo menos 300 pedidos.
Durante os protestos de domingo (30), a sede da entidade foi invadida, incendiada e saqueada pelos opositores ao governo de Mursi. A ação, que começou na noite de domingo e se estendeu até a madrugada de segunda, terminou com oito mortos e mais de cem feridos.
Após a invasão, os opositores acusaram militantes islâmicos armados que defendiam a sede do grupo religioso de atirar contra eles. Os mandados são emitidos horas após a prisão do vice-guia espiritual da Irmandade, Mohamed Rachad Bayumi, que foi enviado à prisão de Tora, perto do Cairo.
O local é o mesmo onde estão presos o ex-ditador Hosni Mubarak, deposto em 2011, e seus filhos, Alaa e Gamal.
Com agências de notícias.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis