Questão da prova para Itamaraty que atribuía à França segundas intenções no Mali é anulada
Responsável pela elaboração da prova de admissão na carreira diplomática brasileira, o Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), ligado à UnB, anulou nesta quinta-feira questão a respeito da intervenção militar liderada pela França no Mali.
Como mostrou reportagem da Folha, o enunciado da questão e a reposta correta na prova aplicada no último domingo afirmavam que o real interesse de Paris no país africano "é a necessidade de proteção da zona de extração de urânio do vizinho Níger, que alimenta as usinas nucleares francesas."
Candidatos e professores questionaram a formulação e queriam anulá-la, porque argumentam que ela não se alinharia à posição oficial brasileira no tema.
O Cespe publicou um comunicado sobre anulação da questão em sua página sobre o concurso para o Itamaraty, um dos mais concorridos da burocracia brasileira.
FRANÇA NO MALI
Em janeiro, a França iniciou uma intervenção militar no Mali, colônia francesa até os anos 1960, para auxiliar no combate a grupos islâmicos. Alinhados à Al Qaeda, ameaçavam derrubar o governo do país da África ocidental.
A ONU havia aprovado uma intervenção, mas sob condições, como o treinamento prévio do Exército do Mali. Após apressar a ação, a França teve a chancela do Conselho de Segurança.
Oficialmente, o Brasil insiste que resolução da ONU tem de ser respeitada. A presidente Dilma Rousseff chegou a dizer, em janeiro, que a intervenção não deveria "reavivar antigas tentações coloniais". Mas nem Itamaraty nem Dilma falaram explicitamente de controle de reservas minerais, como citado no enunciado.
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