Chefe da ONU faz reclamação formal sobre ataque a inspetores na Síria
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou que apresentará queixa contra o regime do ditador Bashar al-Assad e a oposição síria contra o ataque feito com homens armados à missão de inspetores da organização para encontrar provas do uso de armas químicas na periferia de Damasco.
Mais cedo, o grupo foi vítima de homens armados que dispararam contra um dos veículos da comitiva, que foi trocado. O regime sírio acusou "terroristas", modo como chama os rebeldes pelos disparos, enquanto a oposição diz que a ação foi cometida por "milícias pró-regime que querem esconder a verdade".
Em comunicado, o chefe da organização disse que fez um pedido à representante de Desarmamento da ONU, Angela Kane, para fazer uma reclamação formal ao regime sírio e à Coalizão Nacional Síria, principal grupo opositor.
A ONU confirmou que os técnicos coletaram alguns materiais no bairro de Mouadimiya e ouviram médicos que trataram as vítimas do ataque no centro do Crescente Vermelho sírio, além de testemunhos de pacientes que se dizem vítimas do suposto ataque.
Na última quarta (21), a oposição síria acusou as tropas do ditador Bashar al-Assad de lançar um ataque químico durante a madrugada sobre quatro cidades da região de Ghouta. Os ativistas afirmam que mais de 1.300 pessoas morreram.
Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação em hospitais da periferia da capital síria, sendo que 355 morreram. A ação aconteceu três dias após a chegada dos inspetores a Damasco.
OPOSIÇÃO
Nesta segunda, membros da coalizão opositora síria descartaram em reunião em Istambul com representantes de países aliados a presença na conferência internacional de paz sobre a Síria, que estava programada para acontecer em Genebra.
"(A reunião) seria em Genebra, mas nós nos recusamos a falar sobre Genebra depois do que aconteceu... Nós devemos punir esse ditador, Bashar, o Químico, como o chamamos, e depois nós poderemos discutir Genebra", disse à Reuters o secretário-geral da coalizão, Badr Jamous, depois do encontro.
A conferência sobre Síria é negociada desde abril, quando o secretário de Estado americano, John Kerry, se reuniu com o chanceler russo, Sergei Lavrov. No entanto, os preparativos para o encontro ficaram em ritmo lento nos últimos meses, após o regime de Bashar al-Assad ganhar terreno sobre os rebeldes.
A intenção inicial de Kerry, Lavrov e Brahimi é que o evento ocorresse em maio, em Genebra, seguindo outra reunião sobre a transição síria que ocorreu em junho do ano passado. No entanto, as exigências do regime sírio e a incapacidade dos rebeldes de nomear uma liderança protelaram a conferência deste ano.
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