ONU retoma visitas a local de suposto ataque químico na Síria
A equipe de inspetores da ONU voltou nesta quarta-feira à periferia de Damasco, na Síria, para coletar mais provas e depoimentos sobre o suposto ataque químico ocorrido na última quarta (21). O grupo volta à região após ser vítima de um ataque feito por homens armados na segunda (26).
Ontem, a organização anunciou que as visitas haviam sido suspensas por falta de segurança. O regime de Bashar al-Assad acusou os rebeldes de não terem chegado a um acordo para garantir a escolta dos monitores, versão negada pelo comando opositor.
Segundo ativistas, eles foram à cidade de Maleiha e devem ir às áreas de Zamalka e Ain Tarma, todas na região de Ghouta, área dominada por opositores e onde teria acontecido o ataque do regime de Bashar al-Assad. Os rebeldes afirmam que cerca de 1.300 pessoas morreram.
Já a organização Médicos Sem Fronteiras afirma que 3.600 pessoas foram atendidas com problemas neurológicos causados por intoxicação, sendo que 355 morreram. A denúncia foi feita três dias após a chegada dos inspetores da ONU a Damasco para verificar denúncias de armas químicas.
Mais cedo, o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, disse que os observadores vão precisar de tempo para avaliar o uso de armas químicas. "Apenas dias após o ataque, eles coletaram amostras valiosas e entrevistar a vítimas e testemunhas. A equipe precisa de tempo para fazer seu trabalho".
Referindo-se ao suposto ataque, o chefe da ONU disse que as imagens do conflito na Síria são "diferentes de qualquer uma que tenhamos visto no século 21". Na terça (27), o chanceler sírio, Walid al-Moualem, desafiou a comunidade internacional a apresentar provas do uso das armas.
Horas depois, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que os Estados Unidos têm provas do ataque e que pretende apresentá-las ainda esta semana. França, Reino Unido e Israel também disseram ter evidências, mas não comentaram se pretendem mostrá-las.
INTERVENÇÃO
Enquanto isso, cresce a pressão para uma intervenção militar estrangeira em resposta ao ataque químico. Na terça (27), Londres, Paris e Washington disseram que estavam prontos para agir no país árabe. Hoje, Londres apresentou uma proposta de resolução da ONU para avalizar a ação armada.
Segundo a imprensa americana, o ataque duraria apenas poucos dias e seria executado com bombardeios de mísseis teleguiados a alvos militares. A ação deverá ser feita em duas etapas, para que Estados Unidos e seus aliados avaliem a efetividade da operação.
Na segunda (26), a Rússia afirmou que a ação militar na Síria teria consequências catastróficas. Outro aliado do regime de Bashar al-Assad, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou nesta quarta que a intervenção seria um desastre para a região.
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