França acusa regime sírio de usar armas químicas
O governo francês divulgou nesta segunda-feira (2) um dossiê em que acusa o governo da Síria de usar um sistema de armas químicas em massa para matar civis.
O documento servirá para o presidente François Hollande sustentar sua decisão de participar, ao lado dos Estados Unidos, de um ataque militar ao regime de Bashar al-Assad.
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Baseado em 47 vídeos e "fontes" do governo, o dossiê de nove páginas afirma que pelo menos 281 pessoas morreram vítimas do uso de armas químicas no dia 21 de agosto nos arredores de Damasco. O número é bem abaixo das 1.429 supostas mortes divulgadas pelos Estados Unidos.
O governo da Síria, dizem os franceses, lançou um ataque "combinando meios convencionais e o uso em massa de agentes químicos".
Descartando envolvimento da oposição, o documento diz que o governo de Bashar al-Assad tem um dos programas mais eficazes "em termos de proliferação de armas de destruição em massa".
O dossiê menciona os gases sarin e mostarda, alinhando-se ao que o governo norte-americano já divulgou.
Parlamentares franceses querem discutir o assunto, mas Hollande sinalizou que poderá autorizar a ação militar sem a aprovação deles.
Ao não ouvir o parlamento, que está sob pressão da opinião pública contrária ao ataque, o presidente francês descarta o risco de repetir na França o que ocorreu no Reino Unido. O parlamento britânico vetou uma moção apresentada pelo premiê David Cameron que abria caminho para agir na Síria. A derrota fragilizou Cameron e dificultou o envolvimento britânico na ação.
O secretário britânico de Defesa, Philip Hammond, admitiu, no Parlamento, uma nova votação. Foi o primeiro integrante do alto escalão a aceitar essa possibilidade. Ministros, incluindo Cameron, têm dito que não há chances de segunda proposta.
Philip Hammond sinalizou um recuo desde que haja mudança de cenário. "Eu já disse que acreditamos que o Parlamento se pronunciou claramente sobre este tema e é improvável que queiram apreciar novamente, a não ser que as circunstâncias mudem de maneira muito significativa", disse.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse hoje que o regime sírio precisa receber "uma resposta firme". "Sem entrar em detalhes, posso afirmar que estou pessoalmente convencido não só da ocorrência de um ataque químico, mas também de que o regime sírio é o responsável", disse.
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