Senadores democratas impedem 'desaprovação' de acordo com Irã
A minoria do Partido Democrata no Senado americano conseguiu evitar, nesta quinta-feira (10), um esforço republicano para minar o acordo nuclear com o Irã.
O feito foi saudado pelo presidente americano, Barack Obama, como uma "vitória para a diplomacia".
Em uma votação de procedimento, os senadores conseguiram evitar, por 42 votos contra 58, a aprovação da "resolução de desaprovação" do acordo firmado em julho passado. O mínimo necessário para que o texto passasse era de 60 votos.
"O Senado se manifestou com voz clara e declarou que o acordo histórico para evitar que o Irã obtenha armamento nuclear será mantido", disse o líder da minoria, Harry Reid, depois que os democratas abriram o caminho para a implementação do acordo.
Joshua Roberts/Reuters | ||
Os senadores democratas Harry Reid (centro) e Dick Durbin após a decisão da Casa |
A manobra representa uma valiosa vitória na política externa de Obama.
"Esta votação é uma vitória para a diplomacia, para a segurança nacional americana e para a segurança e a proteção do mundo", declarou o presidente em um comunicado por escrito.
"Estou animado com o fato de que tantos senadores tenham julgado este acordo por seus méritos e sinto-me gratificado pelo forte apoio dos legisladores e dos cidadãos", acrescentou.
"Vamos nos debruçar no trabalho crítico de implementar e verificar este acordo para que o Irã não consiga desenvolver uma arma nuclear", prosseguiu.
Efetivamente, o resultado garante que o acordo, no qual o Irã concordou em recuar em seu programa nuclear em troca da suspensão de sanções econômicas, entrará em vigor, poupando Obama do embaraço de ter que usar seu veto contra a "resolução de desaprovação".
Mas os republicanos, que se opuseram ao acordo de forma unânime, prometeram continuar a lutar.
O presidente da Câmara, John Boehner, advertiu que "esta discussão está longe do fim e, francamente, isto é apenas o começo".
Boehner disse que os republicanos da Câmara dos Representantes vão "usar todas as ferramentas à disposição para conter, retardar e atrasar este acordo antes de ser completamente implementado", inclusive acionando judicialmente o presidente para impedir tornar o acordo com o Irã eficaz.
"Esta é uma opção bastante provável", disse Boehner a jornalistas.
O acordo firmado entre o Irã e seis potências mundiais alivia Teerã de sanções econômicas incapacitantes em troca de limites ao seu programa nuclear.
Os republicanos se queixam de que o acordo não elimina o programa como um todo e é falho em prever inspeções em instalações nucleares ou em forçar o Irã a suspender o apoio a grupos militantes, como o movimento palestino islâmico Hamas.
Nesta quinta-feira, os dirigentes de Grã-Bretanha, França e Alemanha se envolveram diretamente no debate político em Washington ao manifestar seu apoio ao texto negociado pelo governo Obama.
"Estamos seguros de que o acordo dará uma base para resolver, de maneira permanente, o conflito sobre o programa nuclear do Irã", disseram o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente francês, Francois Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, em um artigo publicado no jornal "The Washington Post".
"Apoiamos completamente este acordo (...) Dois anos de árduas e detalhadas negociações produziram um acordo que fecha todos os caminhos possíveis para uma arma nuclear iraniana, em troca de um alívio gradual das sanções nucleares".
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