Exército entra na capital de Burkina Fasso e negocia com golpistas
O Exército de Burkina Fasso entrou sem resistência na capital, Uagadugu, na noite desta segunda-feira (21) e começou a negociar a rendição dos golpistas da guarda presidencial, que derrubaram na semana passada o presidente interino, Michel Kafando.
"Todos os corpos [mobilizados para a operação] entraram em Uagadugu", declarou o coronel Serge Alain Ouédraogo, vice-chefe da polícia nacional. "Agora é preciso obter a rendição da guarda presidencial sem disparos e derramamento de sangue. Pedimos que deponham as armas."
Mais cedo, o líder do golpe e auto-proclamado novo chefe de Estado, general Gilbert Diendere, havia pedido desculpas à nação pelo golpe e prometido transferir o poder para um governo civil transitório.
Os golpistas, contudo, ainda não se renderam, pois esperam a confirmação de um acordo com líderes do Oeste da África que os garantiria anistia.
A guarda presidencial é aliada do ex-ditador Blaise Compaoré, que renunciou em outubro de 2014 em meio a um levante popular após passar 27 anos no poder.
Os militares rebeldes sequestraram membros do governo interino de Burkina Fasso e tomaram o poder na semana passada alegando ser injusto o novo código eleitoral, que impede apoiadores e membros do partido de Compaoré de participar das eleições gerais agendadas para 11 de outubro.
O acordo negociado com líderes regionais permitiria que aliados e membros do partido de Campaoré participem do próximo pleito, adiado para os próximos meses.
O presidente interino deposto na semana passada, Michel Kafando, foi mantido em prisão domiciliar e atualmente se encontra na Embaixada da França em Uagadugu, anunciou no Twitter o embaixador francês no país, Gilles Thibault.
A instabilidade em Burkina Fasso provocou confrontos, que já deixaram ao menos dez mortos e cem feridos nos últimos dias.
Os acontecimentos recentes marcam o sexto golpe de Estado em Burkina Fasso desde que o país se tornou independente da França, em 1960. O país de 17 milhões de habitantes é um importante aliado da França e dos Estados Unidos no combate a militantes islamitas no Oeste da África.
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