Protesto de estudantes termina com dois policiais mortos na Venezuela
Carlos Eduardo/Reuters | ||
Policial ferido fica caído após um ônibus capturado por manifestantes atropelar um cordão de agentes |
Dois policiais morreram e 12 ficaram feridos depois de serem atropelados por um ônibus capturado por universitários durante um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em San Cristóbal, na Venezuela, nesta terça-feira (29).
Segundo o jornal "El Universal" e o canal Globovisión, alunos do Instituto Universitário Tecnológico (IUT) capturaram 14 ônibus de um terminal e levaram os veículos à escola, que fica a cerca de um quilômetro dali.
Horas depois, a polícia chegou à região da escola e entrou em confronto com manifestantes. Em meio à confusão, um grupo ligado à ala mais extremista da oposição venezuelana teria usado um dos veículos para avançar contra o cordão policial que isolava o protesto.
No atropelamento, foram mortos o integrante da Polícia Nacional Bolivariana Otto Márquez, 25, e a agente da Polícia do Estado de Táchira Nicolle Pérez, 21. Os feridos foram enviados a hospitais da região, quatro deles em estado grave.
Foi anunciada a prisão de três jovens supostamente responsáveis pelo ataque e de outros 42 manifestantes. Devido aos protestos violentos, os motoristas de ônibus anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado.
George Castellanos/AFP | ||
Membros da Guarda Nacional Bolivariana cercam o ônibus usado no atropelamento |
POLÍTICA
Berço dos protestos contra o presidente Nicolás Maduro em 2014, San Cristóbal é governada desde março daquele ano por Patricia Gutiérrez, mulher de Daniel Ceballos, um dos principais dirigentes da oposição ao governo chavista.
Ela assumiu o cargo depois que seu marido foi preso, acusado de incitação à violência nas manifestações, em que 43 pessoas morreram. Ceballos, que chegou a fazer greve de fome na cadeia junto com seu correligionário Leopoldo López, está em prisão domiciliar desde agosto.
Antes de as autoridades afirmarem que eram extremistas contrários a Maduro, membros da oposição acusaram os alunos que protestavam de serem chavistas. "O IUT de Táchira é controlado pelo governo. O reitor é do PSUV, os dirigentes estudantis também", disse o deputado Juan Requesens.
O governador de Táchira, o chavista José Vielma Mora, lamentou as mortes dos policiais e chamou o atropelamento de "ação irracional". Ele prometeu auxiliar o Ministério Público do Estado na investigação do crime.
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