Em sessão especial, parlamentares homenageiam deputada assassinada
O som cotidiano da Câmara dos Comuns do Reino Unido foi substituído nesta segunda-feira (20) por silêncio e homenagens à deputada trabalhista britânica Jo Cox, 41, morta a tiros e facadas na quinta-feira (16).
Parlamentares alinharam seus bancos e se postaram nos corredores da Casa para uma sessão especial em memória de Cox. Alguns precisaram enxugar as lágrimas, e todos usavam uma rosa branca na lapela, símbolo do condado de Yorkshire, lar da deputada.
O primeiro-ministro conservador britânico David Cameron pediu aos membros do Parlamento que "se unam contra o ódio que matou" Cox.
"Vamos honrar a memória de Jo provando que a democracia e a liberdade pelas quais ela lutava são inquebráveis, continuando a lutar por nossos cidadãos e unidos contra o ódio que a matou", disse Cameron perante o Parlamento.
Já o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn pediu que a vida política seja "mais gentil". "Todos nós temos a responsabilidade de não incitar ao ódio ou semear a divisão", afirmou.
Em suas falas, deputados relembraram as palavras de Cox em seu primeiro discurso no Parlamento: "Estamos muito mais unidos e temos muito mais em comum entre nós do que as coisas que nos dividem."
"Da profunda escuridão da morte de Jo deve vir a luz brilhante de seu legado. Então vamos construir uma política de esperança e não medo, respeito e não ódio, unidade e não divisão", disse o deputado trabalhista Stephen Kinnock, que dividia um escritório com Cox.
A morte de Jo Cox foi a primeira de um deputado britânico em mais de 25 anos e provocou comoção política no Reino Unido. Devido ao crime, foi interrompida durante três dias a campanha do plebiscito sobre a permanência na UE, que acontece na quinta (23).
FAMÍLIA
O marido e os dois filhos de Jo, de cinco e três anos, assistiram à cerimônia da galeria pública, ao lado dos pais e da irmã da deputada. Duas rosas, uma vermelha e uma branca, foram depositadas sobre o lugar que Cox costumava ocupar na Câmara.
"Obrigado a toda a Câmara e funcionários por sua gentileza e compaixão com nossa família hoje e por descrever tão bem a Jo que amamos #MaisEmComum", disse o marido Brendan Cox no Twitter.
A sessão terminou com o raro som de aplausos na Câmara dos Comuns. Depois, os familiares e parlamentares atravessaram a rua até a Igreja de St. Margaret para uma cerimônia em memória da deputada.
CRIME
Jo Cox, comprometida na campanha pela permanência na UE, foi morta na quinta-feira em Birstall, no norte da Inglaterra, a tiros e facadas.
O suspeito de seu assassinato, Thomas Mair, compareceu neste sábado (18) no tribunal, onde declarou, quando questionado sobre seu nome: "Morte aos traidores, liberdade para o Reino Unido."
Mair também participou nesta segunda de uma conferência por vídeo na Corte Criminal Central de Londres a partir da prisão de Belmarsh, onde está detido.
Desta vez, quando perguntado se seu nome é Thomas Mair, ele respondeu: "Sim, eu sou". O suspeito foi indiciado por homicídio doloso, lesão corporal e porte ilegal de arma.
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