Venezuela considera 'artifício ilegal' decisão que a enfraquece no Mercosul
A Venezuela condenou nesta quarta-feira (14) uma decisão que marginaliza o país dentro do Mercosul e pode levar à sua suspensão.
"Tentar destruir o Mercosul via artifícios ilegais é um reflexo da política intolerante e o desespero dos burocratas", disse a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, em publicação no Twitter.
Os quatro sócios fundadores do Mercosul —Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai— criaram uma presidência colegiada do bloco até o dia 1º de dezembro. É esse também o prazo para que a Venezuela cumpra todos os compromissos que assumiu há quatro anos, ao ser admitida no conglomerado. Se não o fizer, será suspensa.
Boris Vergara - 5.ago.2016/Xinhua | ||
Militares venezuelanos hasteiam bandeira do Mercosul em Caracas para marcar presidência do bloco |
A oposição venezuelana comemorou a decisão do Mercosul como uma derrota para o governo do presidente Nicolás Maduro.
Maduro "foi derrotado pelo Mercosul, a comunidade internacional hoje está ciente sobre a realidade [da Venezuela], onde se violam os direitos humanos e não há democracia", afirmou nesta quarta o deputado opositor Luis Florido, presidente da Comissão de Política Externa da Assembleia Nacional venezuelana.
Florido destacou que a decisão obriga Maduro a liberar os presos políticos e permitir a realização, ainda neste ano, do referendo revogatório convocado pela oposição.
Nesta terça-feira (13), o presidente admitiu contatos com opositores para dialogar sobre a crise, mas descartou a realização da consulta popular sobre seu mandato.
MARGINALIZADA
O Itamaraty trabalha com a certeza de que a Venezuela, mergulhada em uma crise de proporções inéditas, não terá condições de incorporar à sua legislação interna todas as regras impostas aos membros do bloco.
Se essa expectativa se comprovar na prática, a marginalização de Caracas será completa.
A decisão não foi unânime: Argentina, Brasil e Paraguai votaram a favor de uma presidência colegiada, mas o Uruguai preferiu abster-se. Acontece que, no minueto diplomático, o consenso se dá também quando há uma abstenção, em vez de um voto contrário.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis