Mais de 200 mil pedem renúncia de presidente da Coreia do Sul
Jung Yeon-Je/AFP | ||
Manifestantes com cartazes que defendem a saída de Park Geun-Hye da presidência, no centro de Seul |
Dezenas de milhares de sul-coreanos foram às ruas no sábado (12) pedir a renúncia da presidente Park Geun-hye, envolvida em denúncias de corrupção.
Os organizadores disseram que os protestos reuniram 1 milhão de pessoas. A polícia, por sua vez, estimou esse número em 260 mil.
A origem dos protestos é uma amiga e confidente da presidente sul-coreana que foi detida sob suspeita de tráfico de influência, abrindo caminho a um escândalo político de consequências imprevisíveis para Park Geun-hye.
As revelações indicam que Choin Soon-sil, 60, sua amiga há 40 anos, a aconselhava nos assuntos de Estado sem exercer nenhuma função oficial ou ter habilitação em matéria de segurança.
Choi é investigada pela suspeita de usar seus contatos na Casa Azul, a sede da presidência, para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, como a Samsung, que teria destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.
Na semana passada, ao retornar da Alemanha, para onde havia fugido, Choi se entregou à polícia e foi submetida a várias horas de interrogatório pelo Ministério Público sul-coreano.
"Desculpem-me. Cometi um pecado mortal", declarou Choi depois de entrar na sede do MP.
Ed Jones/Pool/Reuters | ||
A presidente sul-coreana Park Geun-Hye durante discurso em 4 de novembro |
Durante dias, a imprensa trouxe relatos sobre Choi e seu relacionamento com a presidente. Choi relia e corrigia os discursos da presidente e até mesmo a aconselhava nas nomeações de integrantes de alto escalão.
Além disso, ela teria tido acesso a documentos confidenciais, o que abala a imagem da presidente, em franca queda, apesar de ter se desculpado publicamente na semana passada.
Apenas 9,2% dos sul-coreanos aprovam sua gestão e 67% desejam que a presidente renuncie, segundo pesquisa divulgada na terça (8).
Choi é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-min, chefe autoproclamado da Igreja da Vida Eterna. Ele havia se convertido em mentor de Park Geun-hye depois do assassinato de sua mãe, em 1974.
Segundo a imprensa, Choi teria herdado de seu pai, morto em 1994, uma influência pouco apropriada sobre a presidente.
O ex-marido de Choi havia sido um dos principais adjuntos de Park até sua eleição, em 2012. Choi visitava frequentemente a "Casa Azul" desde que Park assumiu a presidência, em fevereiro de 2013, segundo a imprensa local.
A presidência desmentiu energicamente esta afirmação, e a presidente Park só admitiu ter pedido conselhos a Choi a respeito de alguns discursos.
Depois da explosão do escândalo, Park destituiu vários de seus conselheiros suspeitos de estar vinculados a Choi. Para superar a crise, Park cogita a possibilidade de nomear um gabinete de união nacional, segundo alguns observadores.
A Constituição sul-coreana não autoriza ações judiciais contra um presidente em exercício.
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