Trump diz ter 'direito absoluto' de compartilhar dados com a Rússia
Shcherbak Alexander/Xinhua | ||
Trump e o embaixador russo Sergei Kislyak em encontro na Casa Branca no último dia 10 |
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (16) que tem "direito absoluto" de compartilhar informações com a Rússia. O republicano não deixou claro, porém, se repassou dados confidenciais a autoridades de Moscou durante encontro na Casa Branca na semana passada.
"Como presidente, eu quis compartilhar com a Rússia (em um encontro abertamente marcado na Casa Branca), o que eu tenho todo o direito de fazer, fatos relacionados ao terrorismo é segurança em aviões. Razões humanitárias (sic), além disso eu quero que a Rússia intensifique seu combate contra o Estado Islâmico e o terrorismo", afirmou o presidente em um canal oficial.
Reportagem do jornal "Washington Post" revelou na véspera que o republicano teria repassado informação altamente confidencial a autoridades sobre uma potencial ameaça da milícia terrorista Estado Islâmico relacionada ao uso de laptops em aviões.
A reportagem diz respeito à visita do chanceler russo, Segei Lavrov, e do embaixador do país nos EUA, Sergey Kislyak, à Casa Branca na última quarta-feira (10).
A revelação teria sido feita sem a permissão do parceiro americano que repassou aos EUA, por meio de um acordo, os dados de inteligência, e poderia comprometer a segurança de um colaborador.
O tema seria tão sensível que os EUA não teriam dividido a informação confidencial nem com governos aliados –e poucos integrantes do governo americano também tinham acesso ao conteúdo.
A Casa Branca e o Kremlin rebateram a reportagem, classificando-a de "falsa". Integrantes do alto escalão do governo Trump que participaram da reunião com os representantes russos negaram ter tratado de dados militares confidenciais.
Também nesta terça, durante pronunciamento coletivo com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Trump foi questionado por jornalistas sobre o encontro com as autoridades russas, ao que ele respondeu: "Nós tivemos um encontro muito, muito exitoso com o chanceler da Rússia. Queremos o máximo possível de ajuda para combater o terrorismo".
Trump recebeu os representantes da Rússia num timing controverso: no dia seguinte à demissão do então diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, que liderava as investigações sobre possíveis elos de membros da equipe do republicano com Moscou durante a campanha eleitoral.
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, H. R. McMaster, disse, nesta terça-feira que a conduta de Trump na conversa com os representantes da Rússia foi "apropriada".
Uma autoridade europeia do alto escalão do setor de inteligência disse à agência de notícias Associated Press que seu país pode parar de compartilhar informações com os Estados Unidos caso se confirme que Trump revelou dados confidenciais à Rússia. O funcionário pediu que nem ele nem seu país fossem identificados.
Apesar da sensibilidade das informações que teriam sido compartilhadas, Trump não cometeu irregularidades. Pela lei americana, o presidente tem discricionariedade para lidar com informações de interesse nacional da maneira que achar pertinente.
O sistema de classificação de documentos oficiais é regulado nos EUA por decretos presidenciais, que são revisados periodicamente. Atualmente, as regras de classificação são definidas por uma ordem assinada por Barack Obama em 2009, a qual estabelece que os chefes de órgãos federais têm autoridade para impor ou derrubar o sigilo de documentos de suas respectivas áreas.
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