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22/02/2011 - 09h02

Líbia pode estar cometendo crimes contra a humanidade, diz ONU

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A alta comissária da ONU (Organização das Nações Unidas), Navi Pillay, pediu nesta terça-feira por uma investigação internacional sobre os ataques feitos por forças líbias contra manifestantes contrários ao regime do ditador Muammar Gaddafi, há 41 anos no poder, dizendo que eles podem constituir crimes contra a humanidade. Ativistas de oposição de moradores de Trípoli relatam que as ruas da capital estão cheias de corpos de antigovernistas mortos por forças de segurança.

Em um comunicado, Pillay pediu pela interrupção imediata de violações aos direitos humanos no país e denunciou o relato de uso de metralhadoras, atiradores e aviões militares contra civis.

"Ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil pode constituir crimes contra a humanidade", afirmou a alta comissária.

AP
Imagem da agência de notícias chinesa Xinhua mostra um prédio incendiado em Trípoli, capital da Líbia
Imagem da agência de notícias chinesa Xinhua mostra um prédio incendiado em Trípoli, capital da Líbia

"A insensibilidade com que autoridades líbias e seus capangas estão alegadamente usando munição real contra manifestantes pacíficos é inaceitável. Estou extremamente preocupada que vidas estejam sendo perdidas inclusive enquanto eu falo."

A agência comandada por Pillay não está presente na Líbia, mas mantém-se pronta para apoiar investigações e promover direitos civis, políticos e econômicos no país do norte da África, completa o texto.

Por meio de contatos com grupos de direitos humanos, Pillay elaborou uma lista de vítimas indicando que cerca de 250 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas durante uma semana de intensa repressão.

A ONG Human Rights Watch, sediada em Nova York, denunciou nesta segunda-feira que ao menos 233 pessoas morreram na repressão por forças de segurança líbias. Já a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) calcula entre 300 e 400 pessoas foram mortas desde o início da rebelião.

"Muitos defensores de direitos humanos e jornalistas foram presos. Não sabemos se eles estão vivos ou não", afirmou Frej Fenniche, chefe da seção do Oriente Médio e Norte da África do Alto Comissariado, em uma coletiva de imprensa em Genebra.

Testemunhas em Trípoli afirmaram à rede de TV árabe Al Jazeera que jatos militares bombardearam partes da capital líbia em novos ataques na noite de segunda-feira. A emissora diz que o bombardeio focou-se em depósitos de munição e centros de controle.

Também foram usados helicópteros para atirar contra as ruas com o objetivo de assustar os manifestantes. Além disso, as testemunhas afirmaram que "mercenários" estavam atirando contra civis.

Mohammed Ali, da Frente pela Salvação Líbia, e um morador da cidade afirmaram à agência de notícias Associated Press que moradores de Trípoli estão se escondendo em suas casas nesta terça-feira após as mortes e alertas feitos por forças leais a Gaddafi de que qualquer pessoa que estiver nas ruas será morta.

As testemunhas afirmaram que as forças de segurança atiraram contra ambulâncias e que alguns manifestantes sangraram até a morte. O morador falou à agência sob condição de anonimato por temer represálias.

A mídia ocidental é impedida de trabalhar na Líbia e, por isso, as informações passadas por testemunhas não podem ser confirmadas de forma independente.

GADDAFI

Gaddafi --o mais longevo líder árabe-- apareceu rapidamente da TV nesta terça-feira bem cedo para acabar com os rumores de que ele teria deixado o país --no dia anterior, o chanceler britânico, William Hague, havia dito que informações indicavam que ele estava a caminho da Venezuela. Sentado em um carro estacionado na frente do que apareceu ser sua residência e com um guarda-chuva nas mãos, ele afirmou a um entrevistador que pretendia seguir para a praça Verde, no centro de Trípoli, para conversar com seus partidários, mas que a chuva o impediu de fazê-lo.

"Estou aqui para mostrar que estou em Trípoli e não na Venezuela. Não acreditem naquelas emissoras do cão enganosas", afirmou Gaddafi, referindo-se a informações da mídia. O vídeo e os comentários duraram menos do que um minuto --incomum para o líder, que é conhecido por fazer discursos que duram horas.

Al-Arabiya/AFP
Imagem da TV estatal líbia mostra o ditador do país, Muammar Gaddafi, dentro de carro supostamente em Trípoli
Imagem da TV estatal líbia mostra o ditador do país, Muammar Gaddafi, dentro de carro supostamente em Trípoli

Milícias pró-Gaddafi pediram, usando alto-falantes, que a população da capital não deixe suas casas.

A emissora de TV estatal mostrou imagens de centenas de partidários do regime em uma manifestaçãod e apoio na praça Verde na segunda-feira. A emissora também citou o filho de Gaddafi, Seif al Islam, dizendo que o Exército conduziu ataques aéreos em áreas remotas, longe de bairros residenciais, negando relatos de que os aviões teriam atacado Trípoli e Benghazi --a segunda maior cidade do país que, na segunda-feira, parecia estar totalmente sob o controle dos antigovernistas.

O ministro de Relações Exteriores líbio, Ahmed Aboul Gheit, afirmou nesta terça-feira que as pistas do aeroporto de Benghazi foram destruídas e que nenhum avião pode pousar no terminal devido à violência que atinge o país.

 

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