Sobrinho diz que fará d. Cappio desistir de greve de fome; Lula descarta ceder
O juiz Luís Roberto Cappio Guedes Pereira, 39, sobrinho do bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, 61, afirmou que vai conversar ainda hoje com o religioso para que ele suspenda imediatamente a greve de fome, que já dura 23 dias.
Dom Cappio já deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Memorial de Petrolina (PE) e se encontra no quarto, consciente, mas ainda bastante frágil e recebendo soro.
"Ele ainda não comeu nada, disse que se sentir fome pede. Vou esperar ele se restabelecer para conversar. Vou tentar de todas as formas fazê-lo desistir da greve de fome e vou conseguir. Vamos colocar um ponto final nessa história."
O religioso desmaiou ontem à tarde depois de ser informado da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar a retomada das obras de transposição do rio São Francisco. O bispo está em jejum em protesto contra a transposição.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a Articulação São Francisco Vivo informaram que apesar da internação de d. Cappio, caberá a ele decidir se suspende ou não o jejum.
Apelos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, durante café da manhã com jornalistas, que não vai ceder aos apelos do bispo para suspender as obras de transposição do rio São Francisco. Lula afirmou que o governo "não pode ceder" à greve de fome do religioso, mesmo com riscos à sua saúde.
"Se o Estado cede, o Estado acaba. E o Estado precisa funcionar", afirmou. Lula disse esperar que autoridades da Igreja Católica convençam o bispo a encerrar o jejum, a exemplo do que ele próprio fez na década de 80 --quando disse que realizou uma greve de fome na carceragem de São Paulo, mas interrompeu a ação depois de ser convencido por d. Cláudio Hummes (bispo de Santo André na época e hoje "ministro" do papa no Vaticano).
"Eu aprendi com os meus companheiros da Igreja Católica que só Deus dá e tira a vida. A Igreja não se mete em questões técnicas. Espero que ele [Cappio] tenha juízo", disse.
Lula considerou as obras de transposição do rio São Francisco o projeto "mais humanitário" do governo. O presidente não hesitou em afirmar que, entre ao bispo e a execução do projeto, vai mandar prosseguir as obras de transposição. "Entre a greve de fome e milhões de nordestinos que serão beneficiados, eu fico com os 12 milhões."
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