Análise: Denúncia não deve impedir vitória de Renan no Senado
Divulgada cinco horas antes da eleição do futuro presidente do Senado pelo site da revista "Época", a íntegra da denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contra Renan Calheiros (PMDB-AL) é devastadora, mas dificilmente terá o condão de alterar o resultado esperado: cinco anos depois de renunciar ao cargo para não ser cassado, Renan deve voltar ao comando do Congresso.
Senadores consultados pela Folha nas últimas horas, depois da publicação da detalhada reportagem da "Época", reconheciam que a peça acusatória de Gurgel é contundente, mas consideravam remota a possibilidade de o senador abrir mão da postulação e, ainda, de ser derrotado no voto secreto do plenário.
Uma das explicações colhidas para a pequena chance de reviravolta no processo foi o "timing'' da reportagem. Senadores avaliam que, se tivesse sido conhecida antes da reunião da bancada do PMDB que oficializou a candidatura de Renan, na quinta-feira, a denúncia poderia provocar um constrangimento capaz de levar Renan a reavaliar a candidatura.
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Além de convalidar as conclusões de perícias da Polícia Federal e do relatório do Conselho de Ética do Senado que pediu a cassação de Renan, as investigações do Ministério Público apontam uso de documentos falsos e desvio de recursos da verba indenizatória do gabinete de Renan em nome da empresa de um primo, caracterizado como "laranja" do senador. Isso configura, segundo escreve Gurgel, crime de peculato --uma acusação nova, que não estava presente em 2007.
Apesar de preverem que há pouca chance de surpresa na eleição, senadores de diversos partidos concordam que o Senado mergulhará numa crise tão logo Renan ascenda ao lugar de José Sarney. Um representante da oposição prevê que haverá um "calvário da instituição", repetindo script já vivido pela Casa em vários episódios recentes, como a cassação de Luiz Estevao (2000), a violação do painel de votações da Casa, que tragou o ex-todo-poderoso Antonio Carlos Magalhães (2001), a renúncia de Jader Barbalho da presidência (2001), o caso Renan, a revelação da existência de atos secretos na Mesa do Senado, que envolveu José Sarney (2009) e a cassação de Demóstenes Torres, no ano passado.
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