Promotor pede condenação por chacina de Felisburgo (MG) e defende fim do "coronelismo"
Responsável pela acusação no julgamento da chacina de Felisburgo (MG), que ocorre nesta quinta-feira (10) em Belo Horizonte, o promotor Christiano Gomes pediu aos jurados que condenem os réus Adriano Chafik, o fazendeiro, e Washington Silva, o capataz, e pediu ainda às quatro mulheres e três homens do júri que não permitam que o "coronelismo" continue no Brasil.
Gomes usou a frase "isso aqui é Brasil", dita pelo fazendeiro em seu interrogatório no julgamento, para criticar a ação dos "coronéis rurais", na expressão do promotor.
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A declaração de Chafik foi feita ao juiz Glauco Fernandes quando ele justificava o fato de a sua família ter grilado terras devolutas (públicas mas sem uso pelo Estado).
Foi essa área de 568 hectares que os sem-terra ligados ao MST invadiram para reivindicar reforma agrária. Por causa disso, diz a acusação, Chafik contratou 14 homens para atacar e queimar todo o acampamento. Cinco sem-terra morreram baleados e outros 12 ficaram feridos, entre eles uma criança.
"Não podemos permitir nenhum tipo de injustiça e que o Brasil de hoje continue sendo o Brasil do coronelismo, pessoas que são donas de terras devolutas. É esse tipo de gente que está aqui hoje", afirmou o promotor.
Paulo Peixoto/Folhapress | ||
Militantes do MST na área externa do fórum Lafayette, onde o fazendeiro acusado de ser o mandante de chacina é julgado |
Para ele, toda a ação de Chafik foi premeditada. Gomes e a assistência da Promotoria tentaram demonstrar que as declarações dos réus foram coordenadas e que nem sequer houve ferimento no peito do fazendeiro causado por uma foice de um sem-terra, como ele afirmou.
Apesar do ferimento, com sangramento, o fazendeiro disse que fez curativo em casa e em seguida viajou para São Paulo, onde se apresentou à polícia dias após o episódio, em 2004.
A defesa terá duas horas e meia para apresentar os argumentos e tentar convencer os jurados a não condenar os réus pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, incêndio e formação de quadrilha.
Outros 12 réus ainda serão julgados por esse mesmo crime.
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