Ao lado de ex-presidentes, Dilma recebe restos mortais de Jango
Recebida com honras de chefe de Estado pela presidente Dilma Rousseff, a urna com os restos mortais do presidente João Goulart (1919-1976), o Jango, chegou no final da manhã nesta quinta-feira (14) na base aérea de Brasília.
Os restos mortais vieram de São Borja (a 581 km de Porto Alegre) em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) após a exumação do corpo do ex-presidente ocorrida ontem. O caixão de Jango desceu do avião com a tarja fúnebre atribuída a chefes de Estado. Houve uma "saudação" com 21 tiros e o hino nacional foi entoado. Havia um público de quase 150 convidados.
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Além de Dilma, estavam presentes autoridades como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, José Sarney e Fernando Collor, mais de 20 ministros de Estado, deputados, senadores, membros da Comissão da Verdade e familiares. Convidado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardozo não veio por problemas de saúde.
A cerimonia durou cerca de 20 minutos. Dilma e a viúva de Jango, Maria Thereza Fontella Goulart, colocaram uma coroa de Flores branca sobre a urna do ex-presidente. Maria Thereza se emocionou e foi consolada por Dilma.
A exumação foi realizada a pedido da família para tentar identificar as causas da morte, ocorrida quando o ex-presidente vivia no exílio, na Argentina. Na época, há quase 37 anos, não foi realizada autópsia.
O próximo passo da investigação da morte de Jango acontecera no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília. Lá, serão feitos "exames antropológicos e de DNA". Posteriormente, exames toxicológicos serão realizados em laboratórios internacionais contratados pelo governo federal. Integrantes do "staff" de Dilma, políticos do PT e o próprio ex-presidente Lula t^em dito que a investigação tem importância de restaurar a verdade sobre o caso.
Histórico
Deposto pelo golpe militar de 1964, Jango morreu em 1976 de infarto, segundo relatos da época. Todavia, a exumação é o primeiro passo para apurar se Goulart foi assassinado por envenenamento na Argentina.
Rumores contrários a versão do infrator sempre acompanharam o caso. Familiares, que acompanharam os restos mortais no avião, e parte do governo suspeitam que o envenenamento teria acontecido em possível ação coordenada entre as ditaduras da época no Cone Sul.
A exumação foi realizada por técnicos, mas acompanhada por familiares do ex-político e autoridades, como os ministros Maria do Rosário e José Eduardo Cardozo (Justiça), em um cemitério na cidade gaúcha de São Borja. Demorou mais de 18 horas de trabalho e terminou na madrugada de hoje.
A previsão inicial era que a exumação fosse finalizada no meio da tarde de quarta-feira, quando ocorreria um cortejo por ruas de São Borja. A ideia era dar à população local a oportunidade de homenagear Jango. A demora impediu o cortejo. Ao contrário do esperado, poucos moradores se interessaram pelo ato no cemitério.
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