Em tom eleitoral, Dilma diz ter certeza que população não irá 'retroagir'
Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR | ||
Dilma participa de entrega de máquinas em Feira de Santana (BA) a municípios do Estado |
Sem citar diretamente a corrida ao Palácio do Planalto, mas em tom de campanha pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta terça-feira (29), em Feira de Santana (BA), ter "certeza" que a população brasileira não irá "retroagir" e "voltar atrás".
"Tenho certeza que o povo brasileiro não vai retroagir, voltar atrás, desistir disso que conquistamos: a redução da desigualdade social, da maior criação de empregos que o Brasil teve", afirmou Dilma, ressaltando que, "em governos conservadores", o peso da crise "recaía nas costas do trabalhador".
"Era muito simples. [Em governos anteriores] recaía o peso da crise nas costas do trabalhador, e dê-lhe arrocho salarial, e dê-lhe perda de direitos, como fizeram na Europa e nos Estados Unidos. Nós passamos pela crise garantindo, por exemplo, a valorização do salário mínimo", disse a presidente.
O discurso acontece após a intenção de voto em Dilma cair 6,7 pontos percentuais, segundo pesquisa divulgada nesta terça pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), feita pelo instituto MDA. Na pesquisa atual, Dilma tem 37%, acima da margem de erro de 2,2 pontos percentuais, contra 43,7% na pesquisa de fevereiro.
Fugindo um pouco do que costumam ser suas falas, Dilma fez um discurso com forte conteúdo político e abordou a crise da falta de água no país. Segundo ela, os "Estados mais ricos da Federação" não souberam se precaver com obras de segurança hídrica.
Numa referência indireta à crise de abastecimento de água enfrentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a presidente elogiou a atuação dos Estados do Nordeste na construção de "soluções estruturantes" de abastecimento e comparou com a situação de São Paulo.
"É importante vocês saberem que, aqui no Nordeste, tem mais obras de segurança hídrica que, nos Estados mais ricos da Federação e que têm problema de falta de água por falta dessa política feita pelos Estados do Nordeste que se precaveram, aprenderam, e estão construindo soluções estruturantes", disse Dilma.
Além de elencar ações do governo federal no semiárido, a presidente destacou a trinca de programas sociais que terão destaque na campanha de reeleição: o Mais Médicos, o Pronatec e o Minha Casa, Minha Vida.
FOTOS E CUMPRIMENTOS
A presidente participou da solenidade de entrega de máquinas do PAC Equipamentos, como motoniveladoras. De pé por 45 minutos, Dilma cumprimentou um a um 185 prefeitos e posou para fotos com cada um deles, junto com o governador da Bahia Jaques Wagner (PT).
Na plateia, "caravanas" vindas em ônibus de cidades do interior gritavam e aplaudiam quando seus respectivos prefeitos eram chamados. Estrategicamente posicionados no palco, o deputado federal e pré-candidato ao governo da Bahia, Rui Costa (PT), e o vice-governador e pré-candidato ao Senado, Otto Alencar (PSD), também cumprimentavam e tiravam retratos com os prefeitos. Em discurso, a presidente fez um "cumprimento especial" a ambos.
No evento, a presidente dividiu o palco com o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA), citado em inquéritos da Polícia Federal por supostas ligações com o doleiro Alberto Youssef.
"RAINHA DOS POBRES"
O governador anfitrião, Jaques Wagner (PT), destacou as ações do governo federal para o semiárido e, por duas vezes, chamou a presidente Dilma Rousseff de "rainha dos pobres" por ações como a construção de cisternas no semiárido.
"A presença do governo federal no semiárido tem sido fundamental para dar estruturas aos governos estaduais e municipais para minimizar o drama da seca", disse o governador.
Ao todo, foram entregues aos prefeitos 228 equipamentos para 190 cidades, sendo 41 motoniveladoras, 76 caminhões-caçamba e 111 pás-carregadeiras. As máquinas serão utilizadas para melhorias em estadas vicinais e construção de pequenas barragens subterrâneas.
DIPLOMA
À tarde, durante formatura de alunos do programa de ensino técnico Pronatec, Dilma citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu um diploma de torneiro mecânico e outro de presidente, e acrescentou que ela também foi escolhida por "todos os brasileiros e todas as brasileiras".
"Quando a gente é empossado presidente, a gente recebe um diploma, como vocês, nesse processo de vocês. O meu diploma é o diploma da escolha de todos os brasileiros e de todas as brasileiras que me transformam em presidenta", afirmou, um dia depois de a bancada do PR na Câmara dos Deputados lançar um manifesto com apelo para a volta de Lula à disputa eleitoral.
Pouco depois, durante cerimônia para entrega de residências do Minha Casa, Minha Vida, o governador Jaques Wagner (PT) afirmou que Dilma melhorou o programa de habitação criado no programa do ex-presidente, em uma possível resposta ao movimento "volta, Lula".
"Como mulher tem o coração mais ligado na família, a Dilma quando entrou, apesar de ser muito amiga do Lula, como eu, falou: 'Lula, não leva a mal não, mas eu vou melhorar o que você fez, até porque eu estou aqui para melhorar. Você cobrava de R$ 50 a R$ 160 [de prestação do Minha Casa, Minha Vida], eu só vou cobrar de R$ 25 a R$ 80'. E mais, ela mandou caprichar mais nas casas", afirmou o governador.
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