Preso pela PF, ex-diretor da Petrobras é transferido do Rio para Curitiba
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi transferido na manhã desta quinta-feira (12) do Rio para Curitiba (PR). Ele chegou ao aeroporto Santos Dumont, no centro, com agentes da Polícia Federal do Rio. Costa embarcou em um voo acompanhado por agentes da PF do Paraná.
O juiz responsável pela Operação Lava Jato decretou nesta quarta-feira (11) a prisão do ex-diretor sob a justificativa de que ele controla US$ 23 milhões (R$ 51,3 milhões) em contas secretas na Suíça e que poderia fugir. Costa, investigado na Operação Lava Jato, já havia sido preso em março pela PF, sob acusação de tentar ocultar provas.
O juiz federal Sergio Moro escreveu no decreto de prisão que a entrega de dois passaportes de Costa à PF (um brasileiro e outro português) "não previne a fuga" já que o réu tem "contas secretas milionárias" e o controle das fronteiras é "pouco rigoroso".
A prisão ocorreu um dia após o Supremo decidir que o juiz não violou normas nem investigou parlamentares, o que garantiu o retorno da apuração à Justiça do Paraná. O pedido da nova prisão foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quando o processo estava no Supremo, a partir das informações vindas da Suíça. Com a volta da ação para o Paraná, procuradores reapresentaram o pedido de prisão.
O advogado Nelio Machado, que defende Paulo Roberto Costa, disse que a prisão do ex-diretor da Petrobras "é absolutamente ilegal e totalmente desnecessária", já que seu cliente vai responder a todas as demandas da Justiça e jamais cogitou fugir. Ele afirmou que vai recorrer contra a decisão do juiz Sergio Moro, mas ainda estuda o instrumento legal que usará.
SUÍÇA
Os US$ 23 milhões (R$ 51,3 milhões) atribuídos ao executivo, suas duas filhas e seus genros foram bloqueados pelas autoridades da Suíça por causa da suspeita de que se trata de dinheiro de corrupção, de acordo com comunicado do Ministério Público suíço enviado para procuradores brasileiros.
O dinheiro está distribuído em 12 contas, abertas em cinco bancos em nome de empresas com sede em paraíso fiscal, segundo informações do Ministério Público suíço.
Em entrevista à Folha, realizada em 30 de maio, Paulo Roberto Costa negou que tivesse contas no exterior. Os suíços bloquearam também US$ 5 milhões (R$ 11,2 milhões) de uma conta atribuída ao doleiro Alberto Youssef, mas que estava em nome de um "laranja" dele. O doleiro é acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
ABREU E LIMA
Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, Costa foi um dos responsáveis pela obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ele é réu em um processo sob acusação de ter ajudado a desviar recursos dessa obra. Anunciada em 2005 com a previsão de custo de US$ 2,5 bilhões, a refinaria deve ultrapassar US$ 18 bilhões.
Empreiteiras que foram contratadas para a obra da refinaria depositaram mais de R$ 100 milhões em empresas do doleiro Alberto Youssef, segundo papéis apreendidos pela PF. Para procuradores, são recursos desviados da obra que foram usados para pagar propina.
Em entrevista à Folha, Costa disse que a estimativa de US$ 2,5 bilhões foi "uma conta de padeiro", já que não havia projeto da obra. Ele nega que tenha havido desvios.
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