Contrato da CPI com Kroll omite alvos da investigação, reclamam deputados
Integrantes da CPI da Petrobras reclamaram durante sessão da comissão nesta terça-feira (28) que o contrato com a empresa de investigação Kroll omite os alvos do rastreamento de ativos no exterior, impedindo aos parlamentares saberem o que a empresa está fazendo.
Os deputados tiveram acesso ao contrato na semana passada. Após matéria da Folha da semana passada mostrar que o documento ainda não havia sido disponibilizado aos integrantes da CPI, ficando restrito à cúpula, o contrato foi liberado para acesso sigiloso de parlamentares e assessores.
O objetivo da investigação da Kroll é rastrear contas no exterior de investigados no esquema de corrupção da Petrobras. A contratação da empresa, no valor de R$ 1 milhão, foi articulada diretamente pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também é investigado pela Operação Lava Jato.
Cunha é alvo de inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal), sob acusação de ter se beneficiado dos desvios.
A atuação da Kroll pode ajudar Cunha e outros alvos da Lava Jato caso sejam encontrados recursos financeiros dos delatores que não foram declarados às autoridades, o que enfraqueceria seus depoimentos. O doleiro Alberto Youssef, um dos delatores, disse à Polícia Federal que Cunha se beneficiou do esquema de corrupção. Ele nega a acusação.
"Não vou permitir que o contrato da Kroll faça investigações que a gente não sabe quais são, pra que serve e quais as prioridades", declarou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Ele reclamou que a CPI não participou das questões relativas à investigação, que ficaram restritas à sua cúpula.
"É necessário termos esclarecimentos. Não ficou claro no contrato esses pontos específicos, como vai se dar a investigação", reclamou a deputada Eliziane Gama (PPS-MA).
A Folha apurou que os alvos dos trabalhos da Kroll foram indicados em conversas entre a cúpula da CPI e a empresa, sem registros formais. Não se sabe, portanto, se estão incluídos entre esses alvos personagens que seriam prejudiciais a Cunha, como o lobista Fernando Baiano, acusado de ser o intermediário do PMDB no esquema.
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