Mais de um terço dos vereadores que tentam reeleição em São Paulo duplicou patrimônio
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Câmara Municipal de São Paulo |
Dos 50 vereadores que tentam se reeleger em São Paulo, 18 aumentaram o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral em mais de 100% entre os anos de 2012 e 2016.
Em média, os candidatos a reeleição declararam bens 188% superiores ao que informaram na última eleição -ou seja, registraram um aumento de quase três vezes no patrimônio. No intervalo, a inflação (IPCA) foi de 34,87%.
Nomes como o de Eduardo Tuma (PSDB) e Adilson Amadeu (PTB) chamam a atenção. O tucano aumentou o próprio patrimônio em 2.231%, aproximadamente 23 vezes. Os bens do petebista cresceram cerca de 19 vezes (1.895%).
Em 2012, Eduardo Tuma declarava ter apenas um apartamento no valor de R$ 89 mil. Agora, sua ficha na Justiça Eleitoral lista diversas contas correntes e aplicações bancárias, além de outro imóvel no valor de R$ 920 mil, totalizando mais de R$ 2 milhões. Na divulgação do TSE, o candidato afirma que o novo apartamento foi adquirido através de um "empréstimo do genitor", como antecipação da herança.
Eduardo é membro de uma família com tradição política. O vereador é sobrinho do ex-senador paulista Romeu Tuma, que exerceu o mandato entre 1995 e 2010 -ano em que faleceu- por três partidos diferentes: PL, PFL e PTB.
Amadeu lista dez imóveis na declaração de bens, em uma soma que chega a aproximadamente R$ 8,5 milhões. Um deles, um apartamento localizado no bairro de Santana, zona norte de São Paulo, tem valor declarado de R$ 2,8 milhões. Em 2012, o patrimônio era R$ 428 mil.
Na Câmara Municipal desde 2004, o petebista se notabilizou pela defesa dos taxistas e pela oposição ao Uber.
Em junho deste ano, ele chegou a entrar com uma ação no STF pedindo a anulação do decreto da Prefeitura que regulamentou o uso do aplicativo em São Paulo.
Além dos que enriqueceram, também há vereadores que declaram ter perdido quase todo o patrimônio. É o caso do tucano Salomão Pereira, que elencou bens 90% menores neste ano. Nessa eleição, ele não menciona diversos imóveis de que era proprietário em 2012.
PARTIDOS
O partido que tem mais vereadores entre aqueles que aumentaram o próprio patrimônio em mais de 100% é o PT, que também é dono da maior bancada da Câmara.
Dos dez vereadores da sigla, sete conseguiram ao menos dobrar sua declaração de bens. Em seguida, vem o PHS –seus dois vereadores entram na lista– e o DEM (dois do total de cinco representantes da sigla).
OUTRO LADO
Adilson Amadeu (PTB) afirma que a variação se deve à declaração de imóveis que, antes, estavam no nome de sua ex-mulher. Ele afirma que seu patrimônio não aumentou durante o mandato.
Nabil Bonduki (PT) afirma que a diferença vem, majoritariamente, de um apartamento no valor de R$ 400 mil que não foi declarado ao TSE em 2012, pois estava em nome da mulher do candidato.
Ele também diz que seus imóveis foram listados de acordo com o valor na época da aquisição. Assim, um imóvel recente mostra valor maior do que um antigo, embora os preços de mercado sejam semelhantes. Essa dinâmica, afirma, infla a evolução do patrimônio.
Reis (PT) disse que a variação não vem de seu salário na Câmara, mas de ganhos de capital registrados na compra e venda de imóveis.
A vereadora Edir Sales (PSD) afirmou que a variação se deve à negociação de imóveis, somada ao salário que recebe na Câmara.
A Folha tentou contatar todos os vereadores listados. Os demais representantes não responderam até a publicação dessa reportagem.
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