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Análise

Doria se destaca em corrida eleitoral marcada pelo 'sem'

Gabo Morales/Folhapress
João Doria (PSDB) posa durante evento de campanha no Mercado Municipal
João Doria (PSDB) posa durante evento de campanha no Mercado Municipal

Era natural que a primeira campanha municipal após o impeachment e no meio da fervura da Lava Jato trouxesse um certo gosto de ressaca. Mesmo assim, impressionou a apatia com que foi encarada pelo eleitorado.

Muitas pessoas acordaram para o fato de que precisam votar neste domingo (2) apenas no início da semana passada, com a divulgação das últimas rodadas de pesquisas eleitorais.

A atual campanha é marcante, menos pelo que traz de inovadora e mais pelo que elimina de nossa cultura política. Percebemos que é possível fazer uma eleição sem alguns dos principais elementos que sempre a definiram. Se não foram totalmente descartados, foram reduzidos em seu grau de importância.

Para começar, sem dinheiro. A nova lei eleitoral proibiu doações de empresas, o que reduziu bastante as cifras arrecadadas. Campanhas passaram a abdicar, por exemplo, dos trackings diários, levantamentos telefônicos diários que balizam a estratégia de comunicação.

Denúncias de compras de CPFs e a vantagem de que desfrutaram candidatos milionários convidam a que ajustes sejam feitos, mas a volta ao antigo status quo é algo improvável.

Sem marqueteiros famosos, outra decorrência imediata da falta de recursos das campanhas, novas caras surgiram. Esta é a primeira eleição em 20 anos sem Duda Mendonça, Nizan Guanaes, Luiz Gonzalez, Nelson Biondi, Chico Santa Rita e, claro, João Santana.

Fizeram bem esses medalhões de terem se esquivado, pois também foi uma campanha menor e quase sem tempo de TV, ao menos no formato tradicional, de demorados blocos à tarde e à noite.

Em pílulas, novos publicitários mais afeitos à linguagem das redes sociais tendem a se sair melhor.

Qual a grande marca dessa campanha, o projeto revolucionário, o embuste óbvio que chamou a atenção?

Até aqui –ainda há um segundo turno inteiro pela frente–, eles estiveram ausentes, o que, dado o trauma do Fura-Fila, não é necessariamente ruim. Mas contribuiu para o sentimento geral de tédio.

Faltou, por fim, um fenômeno eleitoral, a candidatura que chama a atenção como um dia fizeram diversas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva ou Paulo Maluf.

A exceção talvez seja João Doria (PSDB-SP), o empresário que fez do bordão "não sou político" um poderoso ativo eleitoral.

Na eleição do "sem", um político sem política tornar-se notícia não deixou de ser bem apropriado.

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