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Doria apareceu mais, andou mais, gastou mais e tem maior dívida

Diego Padgurschi/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL - 02-10-2016: ELEICOES MUNICIPAIS - SP / 1o. TURNO: O candidato a prefeito de SP Joao Doria (PSDB) vota no colegio St. Paul nos Jardins. (Diego Padgurschi /Folhapress - ELEICOES - PODER)
(articleGraphicCaption)O candidato a prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) vota no colégio St. Paul, nos Jardins

Se as campanhas à Prefeitura de São Paulo fossem empresas, o prefeito eleito João Doria, que martelou o slogan de bom gestor, ostentaria os maiores números.

Mas não necessariamente os melhores.

O tucano foi o que mais arrecadou, mais gastou na eleição, apareceu por mais tempo na TV e no rádio e mais andou pelas ruas em comícios, caminhadas e panfletagem.

A vitória no primeiro turno foi um investimento de R$ 13,573 milhões —um terço do lucro em todo o ano de 2015 da Coopersucar, a 20ª maior empresa do Brasil em faturamento.

O CUSTO DA CAMPANHA - Despesas informadas por candidato, em R$ milhões

São quase R$ 289 mil para cada um dos 47 dias desde o início da campanha, em 16 de agosto.

A maior parcela, quase R$ 9 milhões (65%), foi gasta nos anúncios do horário eleitoral e nas outras inserções publicitárias no rádio e na TV.

PROPAGANDA ELEITORAL - Gasto informado por candidato com propaganda em rádio e TV

Com a coligação mais ampla —12 partidos além do PSDB—, Doria garantiu também o maior tempo de campanha: foram 16 minutos e 49 segundos por dia, de 26 de agosto a 29 de setembro (somando o horário eleitoral gratuito e as inserções em rádio e TV).

O tempo do tucano era maior porque, conforme a legislação, 90% do horário eleitoral gratuito é dividido proporcionalmente ao número de representantes dos partidos da coligação na Câmara dos Deputados.

Ou seja, candidatos de partidos mais representativos são beneficiados.

nas telas da tv (Copiar) - Minutos de cada candidato durante o primeiro turno (*)

Mas o prefeito também pagou mais caro. Cada um dos 565 minutos em que foi ao ar custou R$ 15,5 mil, 8% acima do que pagou Haddad por minuto, quase o triplo de Marta e oito vezes o gasto por minuto declarado por Russomanno.

A arrancada tucana não se deve, porém, apenas ao departamento de marketing.

Numa campanha muito mais modesta que a das eleições de 2012 (as contas finais ainda não saíram, mas o gasto por candidato por dia em 2016 deve ser cerca de um décimo do que foi na eleição anterior),Doria gastou sola de sapato e atacou o que parecia ser seu ponto mais fraco: o desconhecimento.

Em 45 dias, participou de 75 eventos pela cidade, em todas as regiões, e foi o único a participar de eventos na madrugada, na zona leste e na zona sul —que concentram eleitores mais pobres.

O resultado já se mostrava na pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Datafolha feita na sexta (30) e no último sábado (1º): "João trabalhador", como martelava seu jingle eleitoral, liderava pela primeira vez nos extremos paulistanos.

Nesses distritos da periferia, onde se concentram 36% dos eleitores da cidade, Doria havia crescido dez pontos percentuais.

Mas os grandes números da campanha tucana também trazem uma péssima notícia: pelos dados declarados até agora ao TSE, Doria gastou mais de R$ 6 milhões acima do que arrecadou —mais que o dobro do lucro das Casas Pernambucanas no ano passado.

BALANÇO DE CAMPANHA - Receitas menos despesas informadas pelos candidatos ao TSE até 2/10

Maior rombo entre os candidatos, a soma equivale a 46% do que ele gastou: ou seja, para cada R$ 100 reais gastos pelo prefeito eleito, ele ficou devendo R$ 46.

Além dele, também o atual prefeito Fernando Haddad terminou em débito: R$ 5,8 milhões, quase a metade de tudo o que gastou.

Computados os votos e apagados os holofotes, será importante acompanhar como tais dívidas serão saldadas.

Editoria de Arte/Folhapress
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