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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

A seleção brasileira não deixou os peruanos respirarem

Equipe feminina terá que tirar forças do fundo da alma contra a França

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Aconteceu tudo como Tite queria e precisava

Quando o Peru quis gostar do jogo, tomou o primeiro gol. Ainda grogue, viu seu goleiro Gallese entregar o segundo e, nocauteado, o viu aceitar o terceiro.

Dignas de nota a jogada de Daniel Alves que originou o escanteio do primeiro gol, indo para cima da defesa e driblando, assim como o gol de Éverton, no um contra um.

Daí para a goleada (5 a 0) no segundo tempo foi um pulo, porque com audácia, velocidade, sem medo de ser feliz.

Tite se convenceu de que Éverton é titular. Talvez se convença de que David Neres, pela direita, também pode.

Desafio na França

Esqueça os brioches, os vinhos, queijos e a Torre Eiffel. Pense na Marselhesa.

Você já viu esse filme: a torcida francesa entoando a plenos pulmões a Marselhesa antes, durante e depois do jogo.

Aconteceu na Copa do Mundo de 1998, no Stade de France, em Saint-Denis, quando o time "bleu, blanc et rouge", capitaneado por Zinedine Zidane, enfiou 3 a 0 na traumatizada seleção brasileira depois da convulsão de Ronaldo Fenômeno.

Neste domingo (23) só será diferente porque no estádio Océane, na cidade de Le Havre, a 178 km de Paris, cabem apenas cerca de 33 mil torcedores e não os 80 mil da decisão.

Seleção francesa tenta, em casa, a conquista de sua primeira Copa do Mundo feminina - Lionel Bonaventure/AFP

Poucas vezes na vida uma cantoria me arrepiou tanto, a ponto de eu dizer ao colega do lado, assim que a primeira execução do hino terminou, que a França seria campeã.

Acontece que eles ainda voltaram a cantar, à capela, durante todo o jogo –e não havia quem segurasse os jogadores franceses.

Agora será a vez de Marta e companhia passarem pela mesma provação, com a diferença de que 21 anos atrás os homens brasileiros eram os favoritos e hoje as mulheres não são.

A França, por sinal, é um "scargot" entalado na garganta de nosso futebol.

Apenas uma vez em Copas do Mundo, em 1958, o Brasil se saiu melhor, ao vencê-la por 5 a 2 nas semifinais. Eram os franceses, então, os favoritos, mas ficaram com dez jogadores ainda no primeiro tempo e foram goleados.

Parece que rogaram uma praga porque daí para frente sempre se deram bem: em 1986, no México, em Guadalajara, depois de 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, nos eliminaram nas quartas de final, numa tarde tão terrível que Zico, Sócrates e Michel Platini perderam pênaltis; em 1998 nos atropelaram ao som da Marselhesa e em 2006, na Alemanha, em Frankfurt, com o célebre gol atribuído ao meião de Roberto Carlos, venceram de novo nas quartas, por 1 a 0, num recital extraordinário de Zidane.

Em 1998 o título para os franceses teve o sabor do ineditismo como terá em 2019 para as francesas, cujo time base é o Lyon, maior vencedor da Liga dos Campeões da Europa com seis títulos, atual tetracampeão seguido, vencedor de seis das últimas nove edições do torneio, um espanto.

Ganhar a Copa feminina, no ano seguinte ao bicampeonato francês na masculina, será "la glorie". Daí ser enorme o risco que as brasileiras correm nesta tarde ainda pelas oitavas de final.

A eventual queda da Bastilha, quer dizer, da equipe francesa, repercutirá fortemente nos orgulhosos corações gauleses.

Será preciso tirar forças do fundo da alma desta nossa seleção que, além de excelência técnica, tem mostrado uma incrível capacidade de superação física, desfalcada de jogadoras fundamentais por lesões que permitem desconfiar da preparação a que foram submetidas, além de ser um grupo com a maioria das titulares com mais de 30 anos, para não falar da essencial Formiga, com 41.

"Allez, Brésil!"

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