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Correspondente na Ásia, doutora em ciência política pela Universidade Sorbonne-Nouvelle e mestre em estudos de mídia pela Universidade Panthéon-Assas.

Shenzhen, showroom do futuro

Centro de inovação no sul da China exporta soluções de mobilidade e segurança

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Futian cada vez se parece mais com Singapura. O distrito que abriga o centro de negócios da cidade de Shenzhen, no sul da China, se transformou em um ímã para prefeitos e governadores do mundo todo que querem beber da água da "smart city”.
 
São clientes. Soluções de mobilidade e segurança estão em teste e à venda. Experiências de gestão urbana movidas a tecnologia chinesa se multiplicam em diversas partes do planeta.

Área central da cidade de Shenzhen tem iluminação especial em comemoração do 40º aniversário da reforma chinesa, em 2018 - Thomas Suen - 4.dez.2018/Reuters

 No asfalto impecável circulam ônibus e táxis elétricos novos, vindos da BYD, empresa local.

Ruas arborizadas são monitoradas 24h pela segurança implacável das câmeras com reconhecimento facial, sistema desenvolvido por outra prata da casa, a Huawei.

Motoristas infratores também são flagrados por um sistema digital. Crimes violentos são raros, armas também —o porte é controlado por uma legislação restrita.
 
Os problemas de gestão inerentes a uma hipercidade não foram todos sanados.

Shenzhen está longe de ser o paraíso e a poluição do ar é real. Ainda assim, segurança, transporte funcional e empregos estáveis têm atraído talentos de fora e de dentro da China. A cada visita me parece mais bem cuidada e próspera.
 
Desde 2013, mais 4% do PIB da cidade é investido em pesquisa e desenvolvimento.

O crescimento econômico de Shenzhen superou pela primeira vez no ano passado o de Hong Kong, “ex-tigre asiático”. É clara a intenção de transformar a cidade —que tem PIB de U$ 352 bilhões, comparável ao da Suécia— em um modelo dentro da China. 

 Mais de 12 milhões de habitantes vivem aqui conectados a Hong Kong por um trajeto de 12 minutos de trem bala, que parte de uma grandiosa estação ferroviária, como tantas que a China construiu na última década.

A ligação com a ex-colônia britânica e hoje território autônomo chinês também acontece por constante fluxo de ônibus, carros, barcas e metrô.
 
Shenzhen mais do que inverteu a proporção da participação na economia local da “indústria da cópia” e da inovação de ponta. Virou um polo de desenvolvimento e pesquisa tecnológica.

Investidores, laboratórios, universidades e startups usufruem de estímulos governamentais, isenções fiscais para atrair investimento estrangeiro e da proximidade da vasta rede de fábricas capazes de tornar ideias em produtos.
 
A cidade é de fato cada vez mais inteligente, mas não é possível pensar um projeto que olha para o futuro sem ter a sustentabilidade como prioridade.

A “smart city” precisa do fator humano e não só de novos equipamentos, inteligência artificial e vigilância digital.

Precisa ser feita para pessoas, focada em soluções para qualidade de vida —inclusiva, conectada e ecológica.

Grande Baía

A China mira na consolidação de uma nova zona econômica integrada, batizada de “Área da Grande Baía”, um plano tanto ambicioso quanto vago —integrar Hong Kong com nove megacidades do sul do país e Macau, formando uma região única hiperconectada de desenvolvimento econômico e, ao que tudo indica, político.
 
A transição da China para uma economia de mercado e a integração do país na economia mundial tomou fôlego com a abertura de quatro zonas econômicas especiais na costa chinesa nos anos 80. Shenzhen era uma delas.

O vilarejo de pescadores viveu uma brutal urbanização e crescimento populacional e econômico.
 
Entender as últimas quatro décadas de reforma e gradual abertura econômica é a base para entender o sucesso da China atual. O presidente chinês Xi Jinping promete dar continuidade a esse legado e aprofundar a abertura do mercado chinês.

Shenzhen foi um experimento replicado em outras áreas do país e segue a tradição de servir de terreno para projetos que vão moldar o futuro chinês.

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