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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

'Será que foi o estilista da Damares que criou?', indaga Ronaldo Fraga sobre uniformes para as Olimpíadas

Para Airon Martin, da Misci, peças passam imagem caricata e de país como vendedor de commodities, não de produtos de moda

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Quando viu pela primeira vez os uniformes que a delegação brasileira vai usar na abertura das Olimpíadas de Paris, o estilista mineiro Ronaldo Fraga tomou um susto: "Será que foi o estilista da Damares que criou isso?", indagou, em referência à senadora do DF e ex-ministra da Mulher e da Família do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Confeccionadas pela Riachuelo, as peças têm sido alvo de críticas. Para Fraga, os figurinos são "horrorosos", mas refletem o momento atual do Brasil.

O estilista Ronaldo Fraga no Theatro Municipal de São Paulo - Folhapress

"Por mais que tenha saído o governo anterior [de Bolsonaro], a gente vê o país se tornando uma nação evangélica, cada vez mais careta, mais retrógrada nos costumes. Uma insistência e um investimento na tristeza, um tentar abafar a alegria e a libidinagem, que é a marca do brasileiro e deveria ser a marca da moda brasileira."

Para ele, o bordado de onças, araras e tucanos colocado nas costas das jaquetas jeans foi algo só "para inglês ver". Fraga aponta um lado positivo de toda a polêmica: levantar a discussão sobre o assunto para uma nova geração de estilistas e pessoas ligadas à indústria têxtil do Brasil.

Para o designer Airon Martin, da Misci, os uniformes apresentados passam uma imagem caricata e são "um desserviço ao reforçar a ideia de um Brasil que só exporta commodities", e não de um país que vende produto, design e moda.

Ele defende a escolha da Riachuelo como fabricante das peças por ser uma marca que segue produzindo no Brasil, especialmente no Rio Grande do Norte. "Ela tem uma importância muito grande na geração de empregos."

Martin pondera, porém, que a Riachuelo teve um erro estratégico ao não se alinhar a outras marcas para o desenvolvimento dos uniformes. "Podia ter sido a Misci e poderia ter sido outra", diz. Em vídeos nas redes sociais, muitos internautas apontaram que a grife de Martin poderia ter desenvolvido uniformes mais criativos para a delegação brasileira.

No ano passado, a Misci teve um boom motivado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que apareceu vestindo uma camisa da marca. Neste ano, a marca viu sua popularidade crescer ainda mais ao despertar o interesse de Oprah Winfrey. Em recente passagem pelo país, a apresentadora adquiriu duas bolsas da grife.

"Moda é talvez o mecanismo mais importante para apresentar o que o Brasil quer ser daqui pra frente. Qual é esse novo país? O país do chinelo todo mundo já conhece. E o país que produz a melhor seda do mundo, alguém conhece esse Brasil lá fora? Imagina, se nem o consumidor brasileiro conhece esse país, quanto mais o mundo."

Ele afirma que uma marca de luxo seria a mais indicada para desenvolver esse trabalho em conjunto com a Riachuelo. "A gente sofre muito hate [ódio] por fazer moda brasileira de luxo. Mas as pessoas precisam entender que o luxo é importante para reposicionar a imagem do nosso país."

À Folha, a Riachuelo diz estar aberta a acolher os apontamentos dos consumidores. "Neste momento, estamos direcionando todos os nossos esforços, energia e vibração para motivar e torcer pelos nossos atletas que tanto se preparam para esse momento e contam com nosso apoio e torcida."

Já dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) rebateram as críticas. "Não é a Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos. Então nosso foco está nisso. A gente sempre tem comentários excelentes, basta ver os vídeos dos próprios atletas nas redes sociais", disse o presidente do COB, Paulo Wanderley, ao UOL.


SOM

A cantora Alice Caymmi usa figurino assinado por João Pimenta, com styling de Paulo Martinez - Divulgação

A cantora Alice Caymmi vai lançar a versão deluxe do álbum "Rainha dos Raios, a Fúria" em 15 de agosto. Um dia antes, ela estreia uma temporada de shows no Teatro Oficina, em São Paulo. As apresentações serão dirigidas por Paulo Borges.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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