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ONG Doutores da Alegria cancela 40% de ações previstas para este ano por queda de doações

Grupo diz que contribuições de empresas caíram desde o fim do ano passado; campanha deve ser realizada para sensibilizar público

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A associação Doutores da Alegria, reconhecida por sua atuação em hospitais públicos do país, enfrenta problemas financeiros. A organização teve de cancelar 40% das atividades que estavam previstas para este ano por conta da queda no volume de doações.

O presidente da ONG, Luis Vieira da Rocha, afirma que o trabalho dos Doutores sobrevive de contribuições e que 70% da receita é obtida por meio de leis de incentivos fiscais, sendo a mais importante delas a Rouanet, em que empresas podem reverter até 4% do valor do imposto de renda como contribuição para um projeto cultural.

O grupo Doutores Alegrias atua na humanização do atendimento de crianças em hospitais públicos - Divulgação

A associação é contemplada pela legislação federal por envolver a atuação de atores profissionais que, caracterizados como palhaços, humanizam o atendimento de crianças em hospitais públicos.

Segundo Rocha, desde dezembro do ano passado, o grupo vem sentindo uma diminuição drástica nas doações realizadas via Rouanet. Além disso, muitas das empresas que antes costumavam fazer o aporte financeiro de forma anual, passaram a fazer isso a cada três meses, o que prejudica o planejamento do grupo. "E o valor diminuiu. Uma empresa que faz uma doação num trimestre, acaba não fazendo no outro", diz ele.

"Observamos essa tendência de que as empresas estão diversificando, procurando outros projetos para doar em áreas como educação, meio ambiente e esporte. É uma atitude válida, mas impactou muito as propostas de associações como a dos Doutores da Alegria", acrescenta.

A situação também se complicou, explica o presidente, porque a ONG esgotou suas reservas financeiras nos últimos anos após mudanças implementadas durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

"O último governo desmontou toda a estrutura que existia, fechou o Ministério da Cultura, abriu no lugar a Secretaria Especial de Cultura, e suspendeu a aprovação de novos planos anuais [para a captação via lei Rouanet] de companhias de ação contínua, como é o nosso trabalho, o de museus privados e outros", diz.

"Com isso, gastamos R$ 4,5 milhões de recursos próprios para manter esse déficit", explica. A situação, segundo ele, foi normalizada apenas no ano passado, quando um plano anual para 2024 voltou a ser aprovado pela atual gestão de cultura.

Diante da queda das doações, Rocha afirma que não foi possível ampliar o atendimento da ONG a um novo hospital em São Paulo, e outro no Recife, ambos que estavam previstos pela entidade para este ano. Também foi cancelado o Festival do Miolo Mole, que tem foco na convivência familiar e comunitária, e suspenso o desenvolvimento de um centro de documentação e memória do trabalho realizado pelo grupo.

Outra medida estudada é reduzir entre 20% a 30% o salário dos profissionais que atuam na associação no mês de setembro. "Esperamos que em outubro, quando teremos finalizado o próximo trimestre, recursos entrem e possamos repor esses valores das remunerações até dezembro", diz Rocha.

Com 33 anos de existência, os Doutores de Alegria estão presentes hoje em 18 unidades de saúde públicas na capital paulista, no Rio de Janeiro e em Recife.

De acordo com o presidente da associação, a atuação dos palhaços nos hospitais promove impactos positivos nos pacientes e também na equipe de saúde.

"As crianças [hospitalizadas] se alimentam melhor, começam a brincar. A família, quando observa isso, fica mais confiante no tratamento e começa a entender que ela também está ali para ajudar a criança a ter aquilo que ela tinha normalmente no ambiente familiar", afirma.

A ONG deve lançar em breve uma campanha para sensibilizar empresas e conseguir mais doações. "Acho que é muito importante, sim, você falar em diversificação, em pulverização de projetos, mas também é importante se pensar na responsabilidade desse patrocínio a médio e longo prazo."

Doações podem ser feitas no site doutoresdaalegria.org.br.


BATUTA

A presidente da Congregação Israelita Paulista (CIP), Laura Feldman, recebeu convidados no concerto beneficente promovido pela entidade. O cônsul de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich , e o rabino Ruben Sternschein prestigiaram o evento, que foi realizado na Sala São Paulo, na capital paulista.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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