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Brasil, juventudes e inclusão produtiva

Mudanças demográficas recentes desafiam as esferas pública e privada na oferta de qualificação e trabalho à população brasileira jovem

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Vivianne Naigeborin

Superintendente da Fundação Arymax.

Depois de atingirmos, em 2009, o ápice do nosso "bônus demográfico", o maior contingente de população na faixa etária apta a trabalhar da história do Brasil, o número de jovens entrou em queda e hoje eles representam cerca de 24% da população, com projeções de serem apenas 15% em 2060.

Vivianne Naigeborin, superintendente da Fundação Arymax - Divulgação/Fundação Arymax

Segundo o relatório do estudo O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras, 24% dos brasileiros têm de 14 a 29 anos. Cerca de 60% são negros e boa parte está concentrada nas faixas de renda mais baixas, vivendo em condições de precariedade, inclusive alimentar.

Se a última década trouxe crises econômicas e a pandemia de Covid-19, com impactos negativos até agora, ainda não totalmente mensurados, o mesmo estudo mostra que o baque para os jovens foi ainda maior.

A taxa de desocupação entre eles está bem acima das outras faixas etárias, afetando principalmente mulheres, negros e os menos escolarizados, revelando as consequências da herança histórica de nosso país.

Em 12 agosto o Brasil celebrou o Dia Nacional da Juventude tendo os jovens como sua maior força de trabalho. Essa é a condição ideal para qualquer nação que queira construir um futuro promissor.

Mas, infelizmente, grande parte de nossos jovens não têm conseguido ingressar no mercado de trabalho, entre outros motivos, devido à formação básica precária e à falta de qualificação profissional.

Muito embora a permanência média de anos na escola da população adulta tenha aumentado de três para quase oito anos, entre 1980 e 2010.

O estudo Inclusão Produtiva no Brasil mostra que a produtividade média dos trabalhadores no mesmo período se manteve inalterada, o que indica que o país não está olhando para a preparação dos seus jovens como deveria.

As desigualdades na escolarização e no acesso a oportunidades de trabalho atingem especialmente jovens pobres, negros e residentes nas regiões Norte e Nordeste e áreas rurais.

Trabalhar pela inclusão produtiva das juventudes significa compreender a situação de cada jovem, identificando estratégias para que os governos, o setor privado e a sociedade civil possam agir para mudar essa realidade.

Para facilitar o acesso ao primeiro emprego, por exemplo, podem ser adotadas iniciativas como serviços de vagas, banco de dados integrados, orientação profissional, políticas de apoio ao primeiro emprego, além de incentivos aos empregadores, e programas públicos de emprego.

Empreender também tem sido uma alternativa importante para muitos jovens. O empreendedorismo qualificado, no entanto, necessita de educação empreendedora, apoio às iniciativas inovadoras por editais públicos e acesso ao crédito e ao microcrédito.

A agenda da inclusão produtiva de jovens no Brasil precisa ser adotada como prioridade para que o país ainda possa aproveitar o que resta da janela de oportunidade representada pelo "bônus demográfico".

Para isso, é preciso implantar políticas de inclusão integrando ações junto ao sistema educacional, à família, à comunidade e à assistência social, para realmente enxergar as diferentes realidades nas quais vivem os jovens brasileiros e propor soluções que sejam eficazes e perenes.

A diversidade de contextos em que vive a juventude brasileira é tão significativa que alguns pesquisadores da área preferem usar o termo "juventudes", no plural, como forma de marcar a necessidade de identificar sobre quais jovens se está falando.

O desafio é grande, mas a necessidade é urgente e requer o compromisso e engajamento de todos.

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