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Jornalista e escritor, autor de ‘Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter’

PSDB de João Doria está mais para Bolsonaro do que para FHC

Significado do 'partido de centro' de Doria ainda é uma incógnita

O governador de São Paulo, João Doria, após reunião no Palácio do Planalto, em Brasília, neste mês - Pedro Ladeira - 10.jan.19/Folhapress

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Em junho de 1988, quando o PSDB foi fundado, João Agripino da Costa Doria Junior era somente um empresário de sucesso que apresentava programas de televisão e promovia encontros entre políticos e homens de negócios. Já havia ocupado alguns cargos públicos, mas não tinha projetos políticos.

O principal nome da social-democracia brasileira era Mário Covas, que seria candidato a presidente da República no ano seguinte, na primeira eleição direta pós-64. Ele era a cara do novo partido surgido de uma dissidência do velho MDB, controlado naquela época por Orestes Quércia em São Paulo. 

Com nomes como Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso e José Serra, o PSDB propunha-se a ser um partido de centro-esquerda, dotado de doutrina e programa nos moldes da social-democracia europeia. Chegou ao poder central com FHC, em 1994, nos braços do Plano Real, que debelou a inflação e promoveu a estabilidade econômica por oito anos. Foi o auge do partido.

Depois de cinco derrotas nas eleições presidenciais seguintes, tudo isso agora faz parte da história. Na última, no ano passado, chegou em quarto lugar, com Geraldo Alckmin, e viu sua bancada federal definhar.

Os pais fundadores do partido saem de cena e o PSDB agora tem uma nova cara: a de João Doria, prefeito-relâmpago e atual governador de São Paulo, que na noite da vitória anunciou a chegada do “meu PSDB”

“A partir de agora, o PSDB vai estar sintonizado com a população, e não mais com seu passado. E será um partido de posições centrais, de centro”, disse em entrevista à Folha nesta semana, em Davos, na Suíça. 

O que isso significa ainda não dá para saber. Mas o discurso de João Doria, desde a campanha, está mais afinado com o projeto político do presidente Jair Bolsonaro do que com o de FHC e Geraldo Alckmin, seu padrinho político, de quem se afastou.

Não por acaso, Doria foi apontado por Bolsonaro e o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, em reunião fechada com 50 investidores, no mesmo fórum, como “o possível presidente da República no futuro”. 

É cedo ainda, mas o próprio governador já está pensando nisso. Montou seu secretariado com dez ex-integrantes do governo Michel Temer e poucos tucanos. Pragmático e marqueteiro de si mesmo, certo de já ter o controle do partido, Doria escalou Bruno Araújo (PSDB-PE) para ser o novo presidente dos tucanos. 

Do PSDB original do velho Mário, um combativo líder de oposição nos tempos da ditadura, só restou o jovem neto Bruno Covas, que Doria deixou em seu lugar na prefeitura paulistana para se eleger governador.

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